A proposta de Reforma da Previdência, apresentada na terça-feira (6) pelo presidente ilegítimo Michel Temer, é de uma profunda crueldade com os trabalhadores, particularmente com as mulheres e os trabalhadores rurais, avalia a deputada Erika Kokay (PT-DF).
A reforma eleva a idade mínima e o tempo de contribuição paras as mulheres se aposentarem, igualando aos homens.
O ataque às mulheres se deve, na avaliação da deputada, porque a Reforma não leva em conta a tripla jornada a qual as mulheres são submetidas na sociedade. Pois, mesmo com a entrada feminina no mercado de trabalho, o espaço doméstico e seus afazeres continuam sendo majoritariamente destinados às mulheres.
“É de uma profunda crueldade com as mulheres, porque nós trabalhamos muito mais que os homens. E a constatação de que as mulheres têm tripla jornada foi o que levou a Constituição de 88 a assegurar que nós tivéssemos uma aposentadoria diferenciada, com menor tempo de serviço, para que as mulheres pudessem chegar à aposentadoria”, explica.
Segundo Kokay, a realidade da tripla jornada das mulheres em 1988, quando da promulgação da Constituição Federal, não mudou. Como consequência, são as mulheres as que mais adoecem com patologias relacionadas ao trabalho, “porque são submetidas a condições que as fazem atuar para além dos seus próprios limites”.
Para ela, equiparar a idade mínima para aposentadoria de homens e mulheres é estabelecer condições iguais para realidades que são diferentes.
“Não se pode considerar que há condições iguais entre homens e mulheres para a aposentadoria, quando não há condições iguais no mercado de trabalho, nem no dia a dia, na própria sociedade. É uma profunda injustiça. É preciso estabelecer condições diferentes para realidades diferentes”, aponta.
Agência PT
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Lucio Bernardo Jr. / Câmara dos Deputados