Anular a chamada reforma trabalhista encampada pelo governo Michel Temer, que retirou direitos seculares do trabalhador. Reformar o sistema bancário e de crédito, a fim de democratizar o acesso aos recursos financeiros e modelar o sistema bancário à função de fomento da economia e do setor produtivo. Implantar uma reforma tributária que vise alterar as bases de contribuição para que se desonere o consumo e as classes mais desfavorecidas em detrimento das camadas privilegiadas da população.
Essas são as principais diretrizes em comum das quatro principais pré-candidaturas da esquerda no Brasil para as eleições presidenciais deste ano, segundo foi exposto por representantes das quatro chapas, em debate realizado na noite desta sexta-feira (29).
O evento foi realizado na Casa do Povo, em São Paulo, e reuniu os coordenadores de programa de quatro pré-campanhas: Fernando Haddad (Lula, PT), Luís Fernandes (Manuela D´Ávila, PC do B), Natalia Szermeta (Guilherme Boulos, Psol) e Nelson Marconi (Ciro Gomes, PDT).
Para o ex-prefeito Fernando Haddad, além dos pontos já citados acima, outro ponto seria basilar em um eventual governo Lula a partir de 2019: “É absolutamente necessária a regulação econômica dos meios de comunicação. Vivemos, atualmente, um tempo de ‘monocultura na comunicação oferecida’. O que existem são as mesmas opiniões e pontos de vista sendo emitida por todos os maiores canais de televisão e jornais do país. Do jeito que está hoje, poucas vozes são ouvidas e muitas vozes não têm qualquer espaço”, diz Haddad. “É preciso que exista lugar para que todo o repertório de informações e ideias criadas cheguem ao cidadão”, completou.
Já Luis Fernandes, coordenador do programa de Manuela D’Ávila, destacou que a luta pelo restabelecimento da democracia, independentemente das questões programáticas que unem ou diferenciam as pré-candidaturas de esquerda, deve ser uma das principais bandeiras e trincheiras da luta progressista na política brasileira. “Cassar a candidatura de Lula seria cassar a soberania popular. Este governo atual já veio ao poder violando a democracia, por meio de um processo ilegítimo de impeachment. Provou que não é sequer um governo antirreformista, mas sim uma administração reacionária, que está desmontando bases históricas de desenvolvimento no país, pactos nacionais que remontam ao início do século passado, como aquele que foi fundado com a formalização dos direitos dos trabalhadores.”
Natalia Szermeta, coordenadora do programa de Guilherme Boulos, vai na mesma linha: “Se algo nos une, é a luta pela retomada pela democracia. E esta luta passa pela liberdade de Lula e por uma reforma no Poder Judiciário. Nossa pré-candidatura pretende não só apresentar propostas para 2018 mas também uma nova esperança e forma de fazer política. Desde o golpe, estamos vivendo quase sem direção. Nós queremos pensar para além deste ano, do ano que vem, propor uma nova forma de lidar com as forças políticas.”
Já Nelson Marconi, da pré-candidatura de Ciro Gomes, destacou que o que está em jogo nas eleições deste ano é o avanço ainda maior do campo conservador contra a possibilidade de resistência do campo progressista. E, no campo do desenvolvimento econômico e social do país, Marconi vê a questão tributária coo fundamental para fazer valer as teorias da esquerda sobre como fazer o Brasil crescer com justiça social. “É preciso aumentar a taxação sobre a renda, sobre os mais ricos, sobre as grandes heranças, sobre lucros e dividendos, e reduzir a taxação do consumo, que atinge em muito maior grau as classes mais pobres”, destacou.
Ao final do evento, Fernando Haddad tomou a palavra para dizer que não há condições de abrir mão da candidatura Lula. “Quem se debruçou sobre o tal processo do tríplex sabe com toda certeza que ele não para em pé. Este processo é a única razão que poderia existir para tentarem impedir sua candidatura. E a maioria da população quer votar em Lula. Por isso, o PT não pode, não quer e não vai abrir mão da candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva.”
Agência PT de Notícias