Parlamentares da Bancada do Partido dos Trabalhadores na Câmara se revezaram na tribuna, nesta terça-feira (26), para denunciar os aumentos recorrentes e abusivos do preço dos combustíveis no Brasil. A Petrobras reajustou o litro da gasolina em 7,04% nas refinarias e o diesel em 9,15%. É o segundo aumento só neste mês. Com esse reajuste, a gasolina acumula alta de 73% e o diesel, de 65,3% em 2021.
“O que o governo espera do povo brasileiro? Que fique calmo, que fique tranquilo, que não reclame, que ache que está tudo bem! Ele acha que basta fazer uma ”livezinha” e falar um monte de bobagem para agradar meia dúzia de fanáticos? ”, ironizou o deputado Carlos Zarattini (PT-SP).
O deputado avaliou que governo está liquidado. Segundo ele, Bolsonaro não representa mais nenhuma esperança de vida melhor para o povo brasileiro. “Ao contrário, o que o povo espera deste governo é apenas maldades e mais maldades”, observou.
Zarattini entende que o Congresso Nacional tem que se diferenciar “dessa demência, dessa loucura”. Ele afirma que o Parlamento precisa encontrar soluções para o Brasil. “Nós temos que achar soluções para a carestia em que vive o povo brasileiro! Não é possível que a cada 15 dias tenha um aumento de combustível”, protestou.
“Não há mais esperança para este governo. É hora de o Congresso tomar uma posição! É hora de o Congresso se alinhar, dar um basta a essa situação, a essa bagunça, um ministro da Economia que vive de fazer especulação financeira”, reiterou.
Até quando?
Em sua fala, o deputado Reginaldo Lopes (PT-MG) questionou a condução que o governo está dando ao tema sobre os derivados de petróleo e a reação do Congresso Nacional à questão. “Até quando esta Casa vai assistir a essa ação criminosa do governo federal? E eu falo “criminosa”, porque ela tem a intenção de desmoralizar o papel de regulação do mercado de gás e óleo no Brasil.
Para o parlamentar mineiro o que ocorre é que estão atacando a credibilidade da Petrobras para justificar “mais uma cloroquina ao povo brasileiro, que é a privatização de uma empresa que nasceu na luta, o petróleo é nosso, e uma empresa extremamente importante para um país tão continental e um país rodoviário em que todos os setores da economia dependem dos derivados de petróleo”.
Projeto de lei
Reginaldo Lopes informou que apresentou o projeto lei (PL 3.677/21) que altera o papel da Agência Nacional do Petróleo (ANP) e exigir que a agência dê transparência ao publicar, mensalmente, a composição de preços dos derivados de petróleo produzidos pela Petrobras em territórios, no continente e nas águas profundas do País.
“Aí, o Brasil vai saber que a incompetência do presidente Bolsonaro e do seu ministro Paulo Guedes (Economia) é a responsável pela dolarização da economia brasileira, seja em gás e óleo ou também nas alimentações do povo brasileiro”, reagiu Reginaldo Lopes.
Paridade internacional
O deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP) também se manifestou sobre o aumento nos combustíveis anunciados e aplicados pela Petrobras. “Quando o presidente da República determina preço alto de combustíveis – porque é ele que nomeia a diretoria, e ela escolheu a paridade internacional de preço -, na verdade, tenta dissociar o interesse nacional da Petrobras”, criticou Arlindo.
O deputado acredita que essa é uma forma de “quebrar no histórico da população brasileira, na sua memória até afetiva, aquilo que é um vínculo de uma estatal que sempre prestou serviços a Nação. Não presta agora”, lamentou.
“Eu vou dar um exemplo, que é só pesquisa: o preço do petróleo em 2015 estava praticamente igual ao atual. Naquela oportunidade, a gasolina custava R$ 3,50 o litro. Hoje custa R$ 7. Naquela oportunidade, o botijão de gás custava R$ 50. É uma decisão do presidente como um passo para privatizar e elevar o preço do combustível”, alertou Arlindo Chinaglia.
Em seu pronunciamento, o deputado Paulo Guedes (PT-MG) classificou “inadmissível”, a política de preço aplicada pela Petrobras. “Se nós temos o petróleo, se o Brasil produz e refina o petróleo, por que o petróleo nosso tem que ser atrelado ao dólar dos Estados Unidos? ”, indagou. Para ele, essa política só interessa ao ministro Guedes, a Bolsonaro e agora até aos filhos do Bolsonaro.
Política perversa
O deputado José Ricardo (PT-AM) avaliou que o reajuste dos combustíveis “vai prejudicar a população, já empobrecida por conta dessa política econômica perversa do governo Bolsonaro, que causa desemprego, redução da renda de modo geral, e a volta da fome”.
O parlamentar reclamou da injustiça praticada à população pobre que mais precisa da presença do Estado, do governo. “Não é injusto com os mais pobres. É lamentável porque esses reajustes descontrolados dos combustíveis, da energia e do custo de vida prejudicam todo o Brasil”, criticou José Ricardo.
Na mesma direção, o deputado Marcon (PT-RS) acrescentou: “A gasolina, este ano — e ainda estamos no mês de outubro —, aumentou 12 vezes; o óleo diesel aumentou 13 vezes. Se nós observarmos, depois do golpe que tirou a presidente Dilma, em 5 anos, a gasolina aumentou 107%, o óleo diesel aumentou 92% e o gás de cozinha, 287%”, apontou.
“O golpe era para dizer que a Petrobras não poderia mais controlar os preços, e, aí, quando vendeu o pré-sal, ficou pior ainda”, reconheceu Marcon.
Benildes Rodrigues