Raoni: “Bolsonaro deve sair do cargo, para o bem de todos”

O cacique caiapó Raoni Metuktire, em declaração dada hoje (25) na Câmara dos Deputados, defendeu a saída de Jair Bolsonaro do cargo de presidente da República. “Bolsonaro falou que não sou uma liderança. Ele é quem não é uma liderança e precisa sair, antes que algo de muito ruim aconteça. Bolsonaro precisa sair para o bem de todos”, disse o líder indígena, em declaração traduzida por sua neta Maya.

Raoni observou que “todos estão voltados para a destruição do meio ambiente”, enquanto o seu trabalho ao longo de seus 89 anos de vida tem sido em defesa da “preservação e fortalecimento do meio ambiente para todos”.

A fala do cacique foi em resposta às críticas do capitão-presidente, que na véspera o atacou em discurso na abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York. Conhecido internacionalmente pela defesa dos direitos dos povos indígenas e da preservação das florestas na Amazônia, Raoni foi chamado por Bolsonaro de “peça de manobra” usada por governos estrangeiros para “avançar seus interesses na Amazônia”.

Foto: Lula Marques

Povos indígenas

Em razão do ataque do presidente de extrema direita, houve nesta quarta-feira um ato de desagravo a Raoni, na Câmara dos Deputados, organizado pelo Fórum Permanente de Defesa da Amazônia e lideranças de movimentos sociais, indígenas e ambientalistas, além de parlamentares da oposição.

Aos 89 anos, o cacique do povo Caiapó é, há décadas, considerado um dos líderes indígenas de maior renome mundial e é um dos nomes que concorre ao Prêmio Nobel da Paz.

Raoni sim, Bolsonaro, não!

Ao chegar à Câmara, foi recebido calorosamente por dezenas de pessoas, que bradaram “Raoni, sim!, Bolsonaro, não!” Em entrevista coletiva, Raoni lembrou sua luta histórica pela sobrevivência dos povos indígenas e em defesa da preservação do meio ambiente para seus filhos e netos.

Maya, ao fim da declaração do avô, reforçou que o reconhecimento de Raoni como uma liderança indígena, fato contestado por Bolsonaro na ONU – o presidente chegou a dizer que “acabou o monopólio do senhor Raoni”.

Solidariedade do PT

A deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), presidenta nacional do PT, manifestou solidariedade ao cacique Raoni após a agressão de Bolsonaro, que, segundo ela, agiu em total desrespeito aos direitos humanos e às conquistas sociais e trabalhistas do povo brasileiro.

“Manifesto, em nome do PT, a nossa solidariedade ao cacique Raoni e a toda população indígena deste País que foi desrespeitada por Bolsonaro na ONU. Receber Raoni no Congresso Nacional é de um grande simbolismo, mostrando que o Parlamento não concorda com a postura do presidente da República”, afirmou.

Foto: Lula Marques

Raoni, símbolo de resistência

A presidenta da Associação Yamurikumã das Mulheres Xinguanas, Kaiulu Yawalapiti Kamaiurá, rebateu Bolsonaro e afirmou que o cacique Raoni é a verdadeira liderança reconhecida pelos povos indígenas.

“Raoni é símbolo de resistência e de paz. Ele nos representa. O discurso de Bolsonaro não vai tirar a liderança dele. Ele nasceu liderança e vai morrer liderança. Ninguém vai tirar isso dele. Ele tem história de vida e de luta na defesa da preservação do meio ambiente e da cultura indígena. Raoni sempre”, enfatizou.

Megaron, sobrinho do cacique, repudiou as declarações de Bolsonaro e afirmou que o presidente, com suas declarações, acabou promovendo Raoni para o mundo.

Bancada do PT

Diversos parlamentares do PT uniram-se aos colegas da oposição em defesa de Raoni. O líder do PT na Câmara, Paulo Pimenta (RS), comentou pelo twitter que Raoni significa onça no idioma Caiapó. “Bolsonaro cutucou a onça com vara curta. Um dia após os ataques que sofreu na Assembleia Geral da ONU, Raoni foi recebido como chefe de Estado. Diferente do tratamento que Bolsonaro recebe de Trump e de qualquer outro líder estrangeiro”, comentou Pimenta.

Alexandre Padilha (PT-SP) observou que “em apenas uma pena do cocar do Cacique Raoni há mais honra, humanidade e sabedoria do que na alma de muitos homens”, enquanto Maria do Rosário (PT-RS) observou que o cacique Raoni é “liderança indígena reconhecida mundialmente, que merece nosso reconhecimento por sua luta e nossa solidariedade por odiosos ataques que recebeu de Bolsonaro. Viva Raoni e sua luta!”

O deputado José Guimarães (PT-CE) qualificou a ida de Raoni à Câmara como um fato histórico. “Emocionante, cheio de luta e resistência a recepção ao cacique Raoni na Câmara dos Deputados. Uma resposta à altura contra as agressões proferidas por Bolsonaro contra o líder indígena na ONU. Nos corredores da Câmara ecoou o grito: Raoni Sim, Bolsonaro Não!”, comentou Guimarães pelo microblog.

O deputado Airton Faleiro (PT-PR) destacou a importância da ida de Raoni à Câmara e informou que o Fórum Nacional Permanente em Defesa da Amazônia deliberou por uma monção em apoio à concessão do prêmio Nobel da Paz ao líder indígena.

Margarida Salomão (PT-MG) comentou: “ Quem dera a Câmara possuísse mais lideranças como Raoni, e menos como Bolsonaro. Ficamos engrandecidos com a visita do cacique, nos somando ao repúdio global contra as agressões desferidas pelo presidente da República”.

A líder da Minoria, deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), qualificou a fala de Bolsonaro na Assembleia da ONU como “desastre diplomático e político” e informou que em 17 de outubro será realizado em Marabá (PA) o primeiro ato do recém-criado Fórum Permanente de Defesa da Amazônia.

Assista à declaração de Raoni:

Leia mais: Raoni diz a todos, inclusive Bolsonaro: “Em breve você também sentirá medo!”

 

PT na Câmara, com agências

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