“Quem não gostar de mim, que feche a porta”, diz Lula em São Leopoldo

Uma calorosa multidão recepcionou o ex-presidente Lula em sua última atividade no Rio Grande do Sul durante esta quarta etapa de Lula pelo Brasil na noite de sexta-feira (23), em São Leopoldo. O ato aconteceu após uma atividade em Passo Fundo ter sido cancelada por conta da interdição da estrada por parte de um grupo de direita organizado que ameaçou a segurança da caravana e da população que iria ao ato.

Assim, Lula seguiu direto para São Leopoldo, onde falou sobre os ataques fascistas que tem sido feitos contra ele, acompanhado da presidenta eleita Dilma Rousseff, do ex-ministro Miguel Rossetto, do ex-governador do estado Olívio Dutra, do prefeito local Ary Vanazzi (PT) e da deputada do PCdoB, Manuela D’Ávila.

Emocionado após escutar os relatos de jovens que estudaram em universidades criadas em seu governo, Lula afirmou que “iria confortavelmente para casa sabendo que Dilma e Lula foram os presidentes que mais colocaram jovens nas universidades nesse país, mais fizeram escolas técnicas e universidades federais”.

Foto: Ricardo Stuckert

“Quando escolhi o Rio Grande do Sul para fazer a caravana, sabia que esse estado estava tomado por um conservadorismo muito grande. As pessoas pensam que não leio, mas sou bem informado. Eu tinha bastante conhecimento da situação do Rio Grande do Sul, e venho acompanhando os comentários”, explicou ele, em relação a hostilidade que sofreu em Passo Fundo.

“Eu resolvi fazer uma caravana não eleitoral, porque se eu quisesse fazer uma caravana eleitoral escolhia as 10 maiores cidades e fazia atos como esse. Escolhi a região menos habitada demograficamente. Algumas daquelas cidades tem mais cavalo e boi do que gente. Óbvio que em algumas cidades tem cavalo que é tratado a aveia e maçã enquanto o filho de trabalhador não come nem uma maçã”.

“Eu não queria ato público, queria prestar homenagem a Getúlio Vargas e João Goulart. Queria visitar São Borja e homenagear Getúlio Vargas, que depois um golpista com seus fascistas rasgam as conquistas que a classe trabalhadora tem há 60 anos”.

“Dia 21 de março foi quando em 1932 o Getúlio criou com um decreto a Carteira Profissional, porque até então o trabalhador era tratado como escravo, não tinha férias, não tinha jornada de trabalho. Ele fizeram a gente voltar ao que era antes de 1932”.

“A sociedade brasileira e nós, fomos anestesiados, o Brasil esteve anestesiado muito tempo. Inventaram uma história macabra, uma mentira bem contada, para dizer que o PT era uma organização criminosa’.

“Eles começaram a questionar o jeito que a gente governou o Brasil, o jeito que a gente fez composição. Não adianta discutir porque a mentira do Power Point é o jeito que encontraram para acusar o PT. O apartamento não é meu. No depoimento disse para o Moro que ele esta comprometido com a Rede Globo e ele não tem como me absolver, porque esse pacto entre o Ministério Público, a Polícia federal e a mídia não tem fim, porque quem mente uma vez tem que mentir a vida inteira”.

Foto: Ricardo Stuckert

“Era o sonho de consumo da elite brasileira e do Moro, entregar a cabeça do Lula. Poderiam ter me matado como já mataram tanta gente nesse mundo, poderiam quem sabe me derrotar eleitoralmente, mas preferiram uma coisa que foi a razão pela qual nasceu o nazismo”.

“Começam a desmoralizar o adversário de ladrão, e quando não tiver mais coragem de sair na rua, está derrotado e aí fica fácil condená-lo. A diferença é que eles mexeram com um cidadão quem tem caráter e que tem honra nesse país”.

“Eu sou vitima de uma mentira do jornal O Globo, que se transformou no inquérito mentiroso da Lava Jato, que se transformou na acusação mentirosa do Ministério Público, que se transformou em uma decisão mentirosa, porque o Moro sabe que não tem um tostão na minha vida que não tenha sido conquistado às custas do meu suor”.

“Se eu tivesse o rabo preso eu não estaria gritando contra eles. Não vou ser preso porque não cometi nenhum crime e tenho certeza que nesse pais haverá justiça”.

“Eu sou processado até pela compra dos aviões de caça suecos. A Dilma era presidenta, ela comprou, nem me pediu um favor e eles acham que sou culpado. Sou acusado em um processo de uma Medida Provisória feita pelo Fernando Henrique em 1997. Eu sou acusado porque empresas brasileiras trabalham em Angola e Moçambique e ajudei o Brasil a financiar um porto em Mariel, em Cuba”.

“Já deve ter uns 20 ou 30 processos. Eu já apresentei a prova da minha inocência e estou desafiando o Moro, o Ministério Público e o TRF4 a apresentar uma vírgula de criminalidade que eu fiz nesse país”.

“A única coisa que posso oferecer a vocês é a tranquilidade da minha inocência. Eu deito todo dia no travesseiro e durmo com a consciência tranquila. Não sei se o Moro e os quatro juízes dormem com a consciência tranquila como eu durmo. Eu quero dizer a vocês que essa acusação, essa acareação com a minha vida, inclusive a antecipação da morte da Marisa, eles sabem que eu não vou me calar”.

“Não quero voltar a concorrer a presidência da república para me vingar de ninguém. Quero fazer o que esse povo precisa que seja feito. Não posso aceitar a ideia dessa raiva, desse ódio estabelecido na sociedade brasileira a partir das passeatas de 2013 que no meu entendimento teve o dedo dos Estados Unidos da América do Norte”.

“Quero voltar a ser candidato para provar que é possível fazer mais educação mais saúde, e se preparem porque vou federalizar o Ensino Médio nesse país para melhorar a qualidade. Educação não é gasto, é investimento e portanto teremos que arrumar dinheiro e federalizar”.

“Sabem que já desmentimos eles quando diziam que aumentar o salário mínimo era inflacionário, aumentamos e não teve inflação. Eles diziam que não podia aumentar o mercado interno porque gerava inflação, mas nós aumentamos e não gerou. Nós sabemos que para fazer a economia crescer temos que incluir o povo”.

“Quando cheguei na presidência o exercito brasileiro não tinha dinheiro. Nós recuperamos as Forças Armadas, criamos salário mínimo para soldado, criamos o soldado cidadão, compramos coturno, recuperamos os navios da Marinha”.

“Eles sabem que nós sabemos como consertar esse país. Agora estou mais esperto, mais calejado. E quero voltar para que o mundo aprenda a respeitar esse país. Não podemos permitir que eles desmontem o Brasil, o BNDES, destruindo a Caixa Econômica, a indústria naval que em Rio Grande chegou a ter 24 mil trabalhadores. Agora compram na Ásia, a gente gerando emprego na Coréia, na China”.

“Eu que já to velhinho, podia estar em casa descansado, quero dizer para eles que tenho 72 anos de idade, energia de 30 e tesão de 20”.

“Não fiquem nervosos porque aconteceu a manifestação em Passo Fundo. Aconteceu também em Bagé. No dia 27 de junho de 2005, quando anunciei a criação da Unipampa tinha 40 mil pessoa para bater palma para mim. Agora tinha meia dúzia de tratores que cercaram a Universidade para a gente não ir. E o que é mais grave, o Ministério Público, exortando das suas funções, mandou uma carta ao reitor dizendo que me receber era fazer política. Nós chegamos lá e não tinha quem recebesse a gente, mas estava cheio de aluno”.

“Tentaram evitar que eu visitasse uma universidade que eu criei. Se eu não posso visitar uma universidade que eu criei, só queria aprender como era um laboratório, mas nós entramos, depois nossa caravana seguiu tranquila”.

“Em São Borja fizemos um ato extraordinário, em Livramento estivemos com Pepe Mujica e só não conseguimos hoje porque trancaram a estrada”.

“A gente não pode fazer o jogo rasteiro que eles estão fazendo. Não podemos utilizar as mesmas armas. Não vamos dar a outra face, mas não vamos ser ignorantes, não vamos cercar ninguém. Vamos ensinar para eles, que são cabos eleitorais de um candidato e muita gente aposentada da polícia, e ficaram nervosos porque eu disse que muitos estavam com as máquinas que nem pagaram aos governo”.

“Eu disse que tem duas alegrias para alguns fazendeiros: uma é quando conseguem os créditos do Banco do Brasil e a outra é quando não pagam. Se acham que me assustam, queria dizer que se eu sou candidato, eles vão me ver muitas vezes no Rio Grande do Sul, que eu quero ganhar as eleições nesse estado e ajudar a eleger o Rossetto governador do estado”.

“Se eles acham que são bons, disputem as eleições. Elejam quem eles querem. A gente não pode abaixar a cabeça. temos que ir para a rua, o legado do PT é muito grande. Ainda não sabemos tudo que fizemos nesse país. Não tem nada nesse país que não melhoramos”.

“Quem não deve não teme e não deve abaixar a cabeça. Quem não gostar de mim, que feche a porta porque se deixar a porta aberta vai ver um coroa conservado”.

A presidenta legítima Dilma Rousseff se disse alegre em ver a população e as mulheres. “Mulheres fortes, de fibra, mulheres que foram capazes de resistir e de lutar em condições as mais difíceis. Estou vendo aqui nossos gaúchos guerreiros e vejo que esse estado mantém a fibra, a coragem, a decência, a dignidade e a capacidade de ter posição, mas ter posição aqui não significa que nós tenhamos de agredir o adversário”.

“Vamos resistir, ampliar a democracia, vamos lutar de forma pacífica, tranquila, respeitando opiniões, mas vamos denunciar a violência, a intolerância e o preconceito. Vamos resistir e lutar porque nosso caminho é a democracia”.

Agência PT de Notícias

 

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