Para mudar o cenário da fome, só há um caminho: eleger um governo que prioriza as políticas públicas de combate à pobreza e a desigualdade social.
O Brasil voltou ao Mapa da Fome. Mais de 55% da população vive em insegurança alimentar, segundo o Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, desenvolvido pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional, da Pessan, em 2020.
Além da crise sanitária em virtude da pandemia da Covid-19, a falta de uma proteção social e o desmonte de políticas públicas do governo Bolsonaro são outros motivos pelos quais a fome atingiu os lares brasileiros.
Conforme apontamos nas matérias anteriores, as mulheres, sobretudo negras e pardas, da região norte e nordeste, são as mais atingidas.
O PT sabe como fazer e provou: tirou o país do mapa da fome
O combate à fome foi um dos compromissos assumidos pelos governos petistas. Em 2004, criamos o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome que tirou 36 milhões de brasileiros e brasileiras da extrema pobreza e outros 42 milhões ascenderam à classe C. Tudo graças à política consistente de transferência de renda aliada a aumentos reais do salário mínimo, estímulo ao consumo interno, acesso ampliado à moradia, à saúde e à educação.
Por ter construído uma estratégia de combate à fome e ter reduzido de forma muito expressiva a desnutrição e subalimentação nos últimos anos, no ano de 2014, o Brasil chegou a ser destaque no “Relatório de Insegurança Alimentar no Mundo”.
Segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), contribuíram para este resultado:
- Aumento da oferta de alimentos: em 10 anos, a disponibilidade de calorias para a população cresceu 10%;
- Aumento da renda dos mais pobres com o crescimento real de 71,5% do salário mínimo e geração de 21 milhões de empregos;
- Programa Bolsa Família: 14 milhões de famílias;
- Merenda escolar: 43 milhões de crianças e jovens com refeições;
- Governança, transparência e participação da sociedade, com a recriação do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea).
A ex- ministra do desenvolvimento social e combate à fome, e economista, Tereza Campello, conta que o Brasil tinha saído do mapa da fome nos governos petistas, por causa da efetivação de uma série de políticas públicas e sociais, uma delas, o Bolsa Família.
“Criado em 2003, tinham três intuitos: aliviar a pobreza e a fome; incluir as crianças na escola e reduzir o abandono escolar; ampliar o acesso dos beneficiários à saúde, principalmente, para crianças e gestantes”, disse.
O benefício foi eleito o melhor programa de distribuição de renda do mundo. No entanto, o atual governo destruiu o programa e colocou no lugar no lugar um programa sem continuidade e que não se sabe até hoje como será mantido.
Um balanço feito pela Rede Brasileira de Renda Básica (RBRB) mostra que cerca de 29 milhões de pessoas que precisam de ajuda ficaram de fora do novo programa.
Para este cenário mudar, só há um caminho: retomar o governo petista, que prioriza as políticas públicas de combate à pobreza e a desigualdade social.
Para a historiadora, gastrônoma e doutora em nutrição pela UERJ, Lourence Cristine Alves, o direito humano à alimentação adequada; acesso a transferência de rendas e o retorno de grandes programas, devem ser urgentes e prioritárias.
“Tivemos muitos avanços no governo do PT, como a possibilidade de mulheres que administravam a renda do Bolsa Família. O grande desafio de retomar é priorizar políticas públicas de acesso à renda, que tenham mulheres como protagonistas”, pontua Lourence Cristine.
E essa retomada e reconstrução do país se dará pelas mãos das mulheres, pois, segundo o levantamento da Genial/Quaest. Lula tem hoje 48% das intenções de voto feminino na pesquisa estimulada para o primeiro turno. Já Bolsonaro obteve apenas 20% do voto das entrevistadas.
Isso significa que se depender do eleitorado das mulheres, o presidente Lula estaria eleito, é o que revela o levantamento da Genial/Quaest. Lula tem hoje 48% das intenções de voto feminino na pesquisa estimulada para o primeiro turno. Já Bolsonaro obteve apenas 20% do voto das entrevistadas.
“Os governos do PT demonstraram concretamente, ao longo de mais de uma década, que é possível operar esse projeto político na realidade e transformar a vida de milhões de trabalhadoras e suas famílias. E só é possível reconstruir esse país tendo as mulheres na centralidade das políticas de geração de emprego e renda, assistência social, combate à violência, direito à moradia, proteção da floresta, das águas e dos povos originários”, enfatiza a secretária nacional de mulheres do PT, Anne Moura.
O novo mapa da fome.
Esta é a terceira matéria de uma série especial sobre segurança alimentar no Brasil, produzida pelo projeto Elas Por Elas, da Secretaria Nacional de Mulheres do PT. Confira aqui o conteúdo completo.
Dandara Maria Barbosa, Agência Todas