O momento é de renovação e de união. Essa é a síntese do encontro entre a Bancada do PT na Câmara com o ex-presidente Lula e com o presidente do Partido dos Trabalhadores, Rui Falcão, na segunda-feira (7), em São Paulo. O líder da bancada, deputado Afonso Florence (BA), pontuou que foi um debate extenso no tempo e profundo nos temas que dizem respeito aos desafios do PT. “São desafios de renovação do seu programa político, de reavaliação dos seus parâmetros de funcionamento e de avaliação do período dos governos Lula e Dilma, com a identificação de acertos e erros, para que se faça a autocrítica dos erros e o aperfeiçoamento dos acertos”, detalhou Florence.
Ele explicou que a ideia, a partir dessa reformulação, é apresentar ao País uma alternativa política que se oponha ao golpe, ao governo regressivo de Michel Temer e à sua estratégia de retirar direitos, colocando o PT em condições de retomar o protagonismo na política nacional. “Portanto, foi uma reunião histórica para o PT, para a esquerda brasileira e com certeza para os brasileiros e para as brasileiras”, definiu. Segundo Florence, o PT está a postos para fazer “a defesa dos direitos democráticos de manifestação dos estudantes secundaristas que ocupam escolas de ensino médio e institutos federais e para defender trabalhadores e trabalhadoras que se opõem ao golpe”.
Ao avaliar o resultado final da reunião, o líder petista refutou o exagero da mídia ao explorar a imagem do PT como um partido rachado. “Com certeza, existe uma união, o que não quer dizer que não existam diferenças internas, mas não é aquilo que vinha sendo divulgado, de um partido dividido a ponto de não ser capaz de cumprir suas tarefas históricas. Ao contrário. O que ocorreu foi uma demonstração de maturidade política, de acuidade de abordagem e de unidade para uma ação a ser desenvolvida nessa atual conjuntura”.
Para o deputado José Guimarães (PT-CE), a reunião sinalizou majoritariamente a necessidade de o partido promover mudanças profundas, que envolvem também o seu funcionamento interno. “A intenção é fazer isso sem apontar individualmente culpados, mas discutindo saídas para a crise que estamos vivendo. Todos nós temos graus de responsabilidade – ainda que em níveis diferenciados – com aquilo que construímos. E temos responsabilidade também sobre os nossos defeitos e nossos problemas. Se não temos individualmente, temos como instância, como dirigente, como tendência”.
Guimarães também reforçou como ponto central da discussão a necessidade de promover uma atualização programática do PT, capaz de formular saídas para crise que o País enfrenta. Disse ainda que outra sinalização se refere à necessidade de uma “concertação interna”. “Precisamos fazer toda uma repactuação naquilo que é essencialmente fundamental para recuperarmos o nosso legado e para repensarmos o nosso futuro. Fazermos a autocrítica dos nossos erros e projetarmos o futuro”.
Falando de uma maneira mais ampla sobre a esquerda brasileira, José Guimarães disse ser fundamental fazer uma correção de rumos, não apenas do PT. “Sou defensor dessa tese e acho que, se nós dermos conta dessas tarefas, estão dadas as condições para nós do PT, juntamente com as demais forças de esquerda, consolidarmos uma ampla frente para a disputa eleitoral de 2018. Sem vetar nenhum nome, nem nosso nem dos outros partidos”.
Ao fazer referência ao papel estratégico de Lula, a deputada Maria do Rosário (PT-RS) destacou que falar sobre ele não é apenas destacar um legado deixado ao País ou uma vida dedicada ao povo brasileiro. “Nós também falamos do presente e do futuro. Falamos de esperança. Nós sabemos que o PT, em vários aspectos, por erros de seus integrantes, deve fazer uma autocrítica. Mas não temos motivos para nos arrepender quando falamos da dedicação para melhorar a vida do povo brasileiro. E para nós o Lula simboliza isso. Então, é possível mudar o PT para melhor, e essa é uma tarefa nossa, porque é preciso retomar a força da esquerda no Brasil, e isso também se faz com a força do Lula”.
De forma semelhante, o deputado Paulo Teixeira (PT-SP) pontuou a importância de Lula na atual conjuntura. “Lula reconhece as virtudes do PT e os problemas que o partido está vivendo, e demonstra forte vontade política de ajudar na superação desses problemas. Aquela imagem da foto é uma imagem que sela um grande esforço para mudar o PT para que o PT continue mudando o Brasil”.
PT na Câmara