O deputado Ricardo Berzoini (PT-SP) fez hoje, em plenário, discurso de despedida da presidência nacional do Partido dos Trabalhadores, cargo que ocupou por quatro anos. Berzoini também homenageou o aniversário de 30 anos do PT lembrando que a decisão de fundar um partido dos trabalhadores “foi ousada e fundamental para a democracia brasileira”.
Berzoini lembrou que o PT surgiu sob críticas que não “atemorizaram” o grupo de militantes populares dos movimentos sindical, de moradia, de luta pela educação, de luta contra a ditadura militar, que ainda existia no Brasil. “Muitos diziam que era inviável o projeto do PT, que não havia no Brasil viabilidade do ponto de vista da estruturação dos partidos brasileiros, mas isso não atemorizou aqueles que decidiram realizar o sonho de uma geração, de constituir um partido com compromisso com a democracia e que tivesse como meta a apresentação de uma alternativa de poder para o Brasil e pudesse estabelecer novos marcos e metas para a nossa democracia. Superamos a ditadura militar, conquistamos espaço no movimento social e estabelecemos, à frente das primeiras prefeituras que assumimos, o modo petista de governar”, disse.
Esse modo de governar, ressaltou Berzoini, “criou referências fundamentais, como o Orçamento Participativo; os programas de transferência direta de renda; o IPTU progressivo; a democratização do debate para além do Parlamento”.
Ao lembrar o início de sua tarefa de dirigir o partido, em 2005, primeiro interinamente, à frente da Secretaria Geral e depois pela via eleitoral, Ricardo Berzoini afirmou que o PT também é inovador nesse sentido. “Tínhamos um cenário de crise profunda que, no nosso entendimento, resultou de um cerco político para tentar inviabilizar o governo Lula. Naquele momento, tivemos que reunir todas as forças da militância do PT, reunir o apoio dos aliados e dos movimentos populares, fundamentalmente, do movimento sindical, para deixar claro que este projeto, democraticamente eleito, não seria inviabilizado pela via do cerco político e que os trabalhadores do Brasil, os militantes políticos e os militantes populares fariam valer a vontade popular através de um processo de mobilização e resistência”, disse Berzoini.
Para Berzoini, uma das grandes satisfações como presidente nacional do PT “foi perceber que cada militante tem a mais profunda convicção de que o PT não pertence à sua direção, não pertence ao Presidente Lula, não pertence a qualquer governador, prefeito ou parlamentar. O PT é um patrimônio da sua militância, que deu demonstração dessa firmeza, em 2005, através da sua participação na eleição que me elegeu pela primeira vez, e que, naquele momento teve o simbolismo de dizer não àqueles que queriam destruir a história e a honra do Partido dos Trabalhadores”, frisou.
Na avaliação do deputado, o segundo mandato do presidente Lula, conquistado em 2006, se transformou numa referência, “ainda mais forte”, de compromisso com o povo e com a Nação. “Isso permitiu que tivéssemos, hoje, a extraordinária aprovação de mais de 80% ao Presidente Lula e o PT chegando ao recorde histórico de identidade partidária com 30%, segundo a pesquisa Vox Populi do ano passado”.
Esse quadro de aprovação popular e de compromisso com os grandes objetivos nacionais, acrescentou Berzoini, “permite hoje dizer que o PT vai para as eleições de 2010 com o sentimento de que pode debater qualquer assunto, de qualquer área, com autoridade para demonstrar sua realização, mas muito mais do que isso: autoridade para propor para o povo brasileiro novos desafios”.
Ricardo Berzoini lembrou ainda que o PT está pronto para novos desafios. “Aprovamos a constituição de uma escola nacional de formação, que já está com estrutura definida, estatuto e regimento interno devidamente estabelecidos para que seja de fato um instrumento de capacitação e de educação política para a nossa militância. Ao mesmo tempo, fizemos um processo de reorganização político-administrativa. O partido está saneado, com as suas contas em dia, com as suas obrigações tributárias absolutamente adequadas. Hoje, o PT é uma referência de organização, representação e mobilização fundamental para o nosso país. E, hoje, 30 anos depois da fundação do PT, podemos comemorar com orgulho o reconhecimento mundial à gestão do PT, com os partidos aliados, à frente da Presidência da República, tendo a certeza de que essa trajetória valeu a pena para os petistas e para o povo brasileiro”, disse.
Ao encerrar seu discurso de despedida, Ricardo Berzoini desejou sucesso ao seu sucessor, José Eduardo Dutra, e à nova direção do PT e afirmou que “a tarefa é árdua e a construção do PT apenas começou nesses 30 anos. Viva os 30 anos do Partido dos Trabalhadores! Viva as conquistas da classe trabalhadora! E viva principalmente a militância do PT!”, finalizou.
Gizele Benitz