O Partido dos Trabalhadores ingressou hoje (20) no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados com representação contra o deputado federal Coronel Tadeu (PSL-SP) por quebra de decoro parlamentar. A representação, assinada pela presidenta do partido, deputada Gleisi Hoffmann (PR), se deve ao fato de o coronel-deputado ter arrancado e pisoteado um cartaz que integrava uma exposição contra racismo na Câmara, na véspera do Dia da Consciência Negra.
Caso acatada a representação, o deputado pode perder o mandato, ser afastado temporariamente ou receber censura verbal ou escrita.
Na peça, Gleisi Hoffmann classifica a atuação do deputado como uma “manifestação racista de ódio”, configurando um “crime repugnante que atinge não apenas a população negra, mas toda a sociedade brasileira”. A parlamentar assinala que o deputado do PSL infringiu tanto a Constituição como o Estatuto da Igualdade Racial e o Código de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara.
Vandalismo – A representação encaminhada ao Conselho de Ética inclui fotos da obra vandalizada e do momento em que Coronel Tadeu foi cumprimentado por sua atitude no plenário da Câmara pelo deputado federal Daniel Silveira (PSL-RJ). Silveira tornou-se conhecido por quebrar a placa em uma rua do Rio de Janeiro com o nome da vereadora Marielle Franco, assassinada em março de 2018.
Na terça-feira (20), os partidos de oposição protocolaram representação na Procuradoria-Geral da República cobrando a apuração de crime de racismo cometido pelos deputados Coronel Tadeu e Daniel Silveira. “O racismo, promovido e incentivado pelos parlamentares representados, demonstra a face mais perversa da lógica colonial”, diz o documento. “É inaceitável, no Estado Democrático de Direito, que o racismo seja proclamado, abertamente, nas tribunas e nos corredores da Câmara dos Deputados”, diz o documento.
A representação na PGR foi firmada por Áurea Carolina (PSOL/MG), Benedita da Silva (PT/RJ), David Miranda (PSOL/RJ), Edmilson Rodrigues (PSOL/PA), Fernanda Melchionna (PSOL/RS), Glauber Braga (PSOL/RJ), Ivan Valente (PSOL/SP), Luiza Erundina (PSOL/SP), Marcelo Freixo (PSOL/RJ), Sâmia Bomfim (PSOL/SP), Talíria Petrone (PSOL/RJ), Orlando Silva (PCdoB/SP), Ubirajara do Pindaré (PSB/MA) e Jandira Feghali (PCdoB/RJ).
Genocídio
O cartaz que trazia uma charge do cartunista Latuff mostra um policial com uma arma se afastando depois de atirar em um jovem algemado. A peça tinha os dizeres “o genocídio da população negra”, com dados do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica) sobre mortes de jovens negros no Brasil. “Por sua vez, os negros são as principais vítimas da ação letal das polícias e o perfil predominante da população prisional do Brasil”, dizia a placa.
A taxa de homicídios entre homens jovens pretos e pardos chegou a 185 a cada 100 mil habitantes em 2017, quase três vezes a dos brancos. Em São Paulo, segundo pesquisa da socióloga Samira Bueno, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 67% dos mortos em ações policiais entre 2014 a 2016 eram pretos ou pardos, conforme informação publicada pelo jornal Folha de S. Paulo.
Leia a integra da representação do PT:
PT na Câmara