Os deputados Paulo Pimenta (PT-RS), líder do PT na Câmara, Wadih Damous (PT-RJ) e Paulo Teixeira (PT-SP) cobraram nesta quinta-feira (28), do subprocurador-geral da República Carlos Alberto Vilhena, providências acerca das denúncias feitas pelo ex-advogado da Odebrecht Rodrigo Tacla Durán, que apontam fortes indícios de crime no âmbito da Lava Jato, como tráfico de influência, falsificação de documentos e prevaricação. Representação da Bancada do PT pedindo investigação sobre o caso foi entregue no início de dezembro do ano passado à Procuradoria Geral da República (PGR).
“Viemos cobrar providências a respeito dessa representação, que é fruto da participação do advogado Rodrigo Tacla Durán na CPMI da JBS. Naquela oportunidade, ele trouxe um conjunto de denúncias importantes com documentos, com extratos, com perícias, que mostram evidências de possíveis ilegalidades que tenham ocorrido nas investigações da Lava Jato”, detalhou o líder petista. Segundo Pimenta, o subprocurador informou que a representação está sendo avaliada pelo procurador da República José Alfredo de Paula e Silva, responsável pela Lava Jato na PGR.
Uma das denúncias feitas por Tacla Durán revelou o chamado “esquema Zucolotto”, que põe em xeque os acordos de delação premiada da Lava Jato. Durán apontou o advogado Carlos Zucolotto – amigo próximo do juiz Sérgio Moro e ex-sócio de sua esposa, Rosângela Moro – como intermediador do seu acordo de delação com o Ministério Público. O ex-funcionário da Odebrecht disse ainda que o padrinho casamento do casal Moro foi autor de uma proposta de redução de US$ 10 milhões na multa a ser cobrada de Durán, caso ele fizesse um pagamento “por fora” de US$ 5 milhões.
“Em suas denúncias, Tacla Duran fala em tráfico de influência. Afirma que um escritório de um amigo do peito do Moro foi propor a ele benefícios da delação, que diminuíam o preço da multa de 15 milhões para 5 milhões e modificavam o regime de prisão – de fechada para domiciliar. Ele também fala da destruição de provas, da alteração de provas no âmbito da Lava Jato. Tudo isso é muito grave. Envolve juízes e procuradores e tem que ser investigado”, destacou Paulo Teixeira.
Wadih Damous reiterou que as denúncias são “gravíssimas”. Ele afirmou que no encontro de hoje com o subprocurador foi apensado mais outro conjunto de provas à representação protocolada em dezembro. “São novos documentos que chegaram da Espanha, são documentos periciados que dizem respeitos aos sistemas Drousys e MyWebDay”, detalhou o parlamentar, fazendo referência aos sistemas de informações que eram utilizados pela Odebrecht e que conteriam informações sobre transações da empreiteira.
“São várias denúncias, e cada uma delas deve alvo de uma investigação específica, pois envolvem manipulação de documentos, tentativa de negociação de delação, participação de escritório de advocacia em negociações para que sejam viabilizadas delações. Enfim, tudo é muito grave”, enfatizou Pimenta.
Para Damous, as suspeitas levantadas por Tacla reforçam as suspeitas do que vem sendo denunciado há muito tempo acerca dos procedimentos da Lava Jato, que revelam um viés político da operação judicial-policial. “Isso não pode. O Ministério Público não foi concebido para isso. Pelo desenho constitucional, o MP é um fiscal da lei. E nós estamos querendo dele uma sinalização nesse sentido. Se isso não acontecer, se simplesmente a representação for arquivada, poderemos dizer ao povo brasileiro que já estamos de fato sob Estado de exceção exacerbado, tendo como pilar o Ministério Público”, criticou o deputado fluminense.
Confira a nova petição protocolada junto à PGR pelos petistas:
PT na Câmara
Foto: Magno Romero