Parlamentares petistas reclamam da postura contraditória dos tucanos em relação à amplitude do voto aberto, que está em discussão nas duas casas do Congresso. No discurso, o PSDB “joga para a torcida” ao defender o voto aberto para todas as votações parlamentares, mas a prática é outra. No Senado, por exemplo, o tucano Aloysio Nunes Ferreira (SP) apresentou emenda à PEC 43/13 propondo o fim do voto secreto apenas para as deliberações sobre cassação de mandato.
Para completar a postura contraditória, também na Câmara o deputado Vanderlei Macris (PSDB-SP), relator da comissão especial da PEC 196/12, que também trata do assunto, deve rejeitar uma emenda apresentada pelo PT e subscrita por 240 parlamentares que acaba com o voto secreto para todas as votações.
Para o líder do PT na Câmara, deputado José Guimarães (CE), a contradição do PSDB reflete a posição hesitante do partido em relação à transparência. “O PT é a favor da transparência ampla, geral e irrestrita para o voto dos parlamentares. Esse é o nosso compromisso e o voto aberto é a melhor forma para a sociedade acompanhar a atuação dos seus parlamentares”, afirmou Guimarães.
“É uma posição dúbia, casuística, que dificulta o debate e macula o procedimento. Não podemos aceitar essa postura de quem pretende apenas surfar na onda das manifestações, mas não tem compromisso real com a transparência”, acrescentou Sibá Machado (PT-AC), presidente da comissão especial.
O objetivo do PSDB é aprovar o voto aberto apenas para as votações sobre cassação de mandato e manter o voto secreto nas demais deliberações onde ele é utilizado, como a análise de vetos presidenciais e a indicação de autoridades para cargos cuja nomeação depende de aprovação do Congresso.
Rogério Tomaz Jr.
Foto: Gustavo Bezerra