O presente da dupla tucana João Doria e Geraldo Alckmin à população de São Paulo logo neste início de 2017 será reajustar acima da inflação o valor das tarifas para quem usa a integração e os bilhetes temporais em São Paulo. A medida se soma à decisão do conspirador Michel Temer, que – em mais uma investida contra o povo brasileiro – reduziu o valor do salário mínimo aprovado pelo Congresso Nacional. Dos R$ 945,80 votados por deputados e senadores, Temer diminuiu para R$ 937 o novo mínimo que já está em vigor.
O líder do PT na Câmara, deputado Carlos Zarattini (SP), lembra que as medidas afetam sobretudo aquele trabalhador assalariado que mora no subúrbio e que depende exclusivamente do sistema público de transporte integrado para chegar ao seu local de trabalho. “Essas pessoas serão as mais prejudicadas, pois são obrigadas a pegar diariamente mais de um meio de transporte para chegar ao seu destino. As tarifas que elas utilizam terão aumentos que variam de 15% até 35%”, observa o líder. Os novos valores entrarão em vigor no próximo domingo (8).
Quem faz uso da integração entre os ônibus e trilhos (metrô e CPTM) terá que pagar, em vez dos R$ 5,92 atuais, um total de R$ 6,80, o que representa um reajuste de 14,8%. O aumento é bem acima dos 6,4% da inflação projetada para o ano. Com relação ao Bilhete Único Mensal, exclusivo para ônibus ou trilhos, o reajuste será de 35,7%, passando dos atuais R$ 140 para R$ 190. Esse bilhete foi idealizado e posto em prática pelo ex-prefeito Fernando Haddad (PT) em 2013 e se manteve com o mesmo preço até agora.
O tíquete mensal que integra ônibus e trilhos terá aumento de 30,4%, passando de R$ 230 para R$ 300. Já o Bilhete 24 horas na modalidade exclusiva para ônibus ou trilhos aumentará de R$ 10 para R$ 15. Ou seja, 50%. Já a versão do Bilhete 24 horas que integra ônibus e trilhos passará de R$ 16 para R$ 20, aumentando 33%.
A estimativa é que os aumentos mexerão no bolso de pelo menos um em cada quatro passageiros do sistema municipal de ônibus – que abrange 9,6 milhões por dia – e um terço dos usuários do sistema metroferroviário (7,5 milhões, com metrô e trem).
Um agravante é que, além do aumento de preços, haverá outro tipo de prejuízo aos usuários do sistema diante das desvantagens advindas do aumento acima da inflação. Hoje, por exemplo, o Bilhete Mensal exclusivo para ônibus ou trilhos é vantajoso para quem faz pelo menos 37 viagens por mês. Com o aumento, esse número ideal sobe para 51. Com relação ao Bilhete 24 horas, que atualmente representa vantagem para quem faz três viagens ou mais por dia, ele só será viável para quem viajar no mínimo quatro vezes ao dia.
Os aumentos foram anunciados após um espetáculo de marketing da dupla Doria/Alckmin, que decidiu manter sem reajuste a tarifa básica de São Paulo, que hoje é de R$ 3,80. Porém, o gosto salgado do modo PSDB de governar vai recair mais uma vez sobre uma população que já é penalizada e sofrerá com reajustes de outras tarifas em patamares muito superiores ao da inflação.
Diferentemente dos tucanos, Haddad adotou outra política, mesmo quando precisou praticar algum tipo de reajuste. O último aumento da tarifa básica, anunciado em dezembro de 2015, fez o valor subir de R$ 3,50 para R$ 3,80 – representando um percentual abaixo da inflação do período. Ao mesmo tempo, o ex-prefeito manteve os bilhetes únicos mensal e semanal congelados em R$ 140 e R$ 38, respectivamente, assim como já havia ocorrido em janeiro de 2015.
PT na Câmara com agências
Foto: Sardinha Express