A prisão desumana e desnecessária do ex-ministro Guido Mantega na manhã desta quinta-feira (22) foi considerada “uma covardia e uma arbitrariedade” pelo advogado e ex-presidente da OAB-RJ e ex-deputado Wadih Damous (PT-RJ). Em entrevista à Rádio Democracia, Damous afirmou que essas atitudes mostram a forma como o chamado combate à corrupção aqui no Brasil está acontecendo. “São ações que estão em choque com preceitos democráticos e com o Estado de Direito”, afirmou. Mantega foi preso no hospital enquanto acompanhava sua esposa em uma cirurgia.
No final da manhã, o juiz Sérgio Moro revogou a prisão do ex-ministro. Imediatamente a deputada Maria do Rosário (PT-RS) escreveu na sua conta no twitter @mariadorosario: “Dr Moro soltou Mantega por viés humanitário? Não. Pegou mal com a opinião pública prender alguém num hospital. É, arbitrariedade pega mal”.
E o deputado Leo de Brito (PT-AC) também escreveu no seu twitter @LeoDoPT: “A saga de Moro para perseguir petistas e humilha-los não engana mais ninguém. Não adianta se fazer de sonso, a imprensa internacional já sacou”.
Espetáculo – Na avaliação do advogado Damous, não havia qualquer necessidade do espetáculo da prisão, independentemente da procedência ou não das acusações contra o ex-ministro Guido Mantega. “A ação toda foi mais um aspecto desse arbítrio dessa Operação Lava Jato. Não que o ex-ministro ou qualquer outra pessoa não possa ser objeto de investigação e, se for o caso, ser condenado judicialmente. Mas não uma pessoa que estava acompanhando a sua esposa em uma cirurgia delicada, que não oferece risco”, lamentou.
Bastaria, segundo Damous, que a polícia convocasse o ex-ministro para prestar os esclarecimentos. “Mas não, ele foi levado preso em um contexto de espetacularização, na frente da imprensa, com tv filmando, com fotógrafos registrando tudo, sem a menor necessidade dessa covardia. Mais uma praticada por Sérgio Moro e seus ajudantes”. Para o ex-presidente da OAB-RJ, isso mostra também que a Operação Lava Jato está envolvida num jogo político.
“A Lava Jato faz cálculo político”, enfatizou Wadih Damous. Ele explicou que a prisão de Mantega foi demandada em junho e autorizada no início de agosto. “Ou seja, eles esperaram passar as Olimpíadas porque os jogos absorveram as atenções dos noticiários e deixaram para fazer o espetáculo da prisão às vésperas da eleição para criar mais um fato político contra o Partido dos Trabalhadores”, denunciou.
O deputado Paulo Teixeira (PT-SP) lembrou que a Polícia Federal teve o pedido de prisão preventiva de Guido Mantega negado por falta de motivos. “Por isso, insistiram na prisão temporária. Guido não está no governo, não ocupa cargo público e nem exerce nenhuma atividade que possa constranger testemunhas ou atrapalhar as investigações”, afirmou. Teixeira acrescentou que o ex-ministro tem endereço fixo e conhecido. “Retirá-lo à força do hospital, enquanto acompanhava a cirurgia da esposa alegando que o motivo é o grupo político ao qual pertence, é um espetáculo lamentável que ultrapassa os limites da razoabilidade e desmerece a instituição federal. É pirotecnia pura”, criticou.
Desmando – Para Wadih Damous, é algo “estarrecedor” como as instâncias superiores do Judiciário e do Ministério Público assistem “de braços cruzados a esse tipo de desmando”. “Isso deixa claro que a Operação Lava Jato está servindo ao jogo de interesses políticos aqui no Brasil e isso é extremamente lamentável”, reforçou.
Wadih Damous concluiu destacando o princípio constitucional de que todos são iguais perante a lei e que o Ministério Público, o Judiciário e a polícia não podem agir a serviço de facções, de interesses políticos, de convicções ideológicas de seus integrantes, e, infelizmente é o que está acontecendo com a Lava Jato. “Então, o povo brasileiro tem que estar atento e começar a pensar em retomar o seu destino nas próprias mãos, e reconquistar a nossa democracia”.
Vânia Rodrigues com informações da Rádio da Democracia