“O Brasil está derretendo”, afirmou o líder da Minoria na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE), em sessão virtual nesta quinta-feira (18), se referindo as crises políticas, sanitária e econômica que o País vive. “E a crise política hoje se agravou com a prisão do Queiroz, – militar aposentado Fabrício Queiroz, ex-assessor e ex-motorista do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ)”, acrescentou.
Queiroz é investigado pelo esquema de “rachadinha” – desvio de salários de servidores – na Assembleia Legislativa do Rio até 2018. Ele foi preso na manhã de hoje, em uma chácara que pertence a Frederick Wassef, advogado do senador Flávio e do presidente Jair Bolsonaro.
O líder observou que todo o dia tem um novo capítulo, que cada vez mais o cerco se fecha sobre um governo isolado, inoperante, incompetente e sem condições alguma de reação do ponto de vista da situação econômica, social e sanitária do Brasil, a não ser, vez ou outra, fazer ameaças ao funcionamento das instituições e da democracia. “Uma crise política diante da qual o Congresso Nacional não pode silenciar”, defendeu.
José Guimarães reforçou que não se pode achar que o Brasil está dentro de uma normalidade. “Eu não quero acreditar que as consciências minimamente democráticas do Parlamento brasileiro achem hoje que está tudo normal, que o Queiroz é preso na casa do advogado do presidente Bolsonaro e que isso é normal. Que o ministro da Educação, Abraham Weintraub, é demitido por participar das manifestações fascistas, ameaçando os ministros do Supremo Tribunal Federal, que tudo isso é normal”, enfatizou.
O deputado lamentou ainda que o ministro, antes de cair, tenha feito mais um desserviço para a educação brasileira. “Ele revogou hoje, por meio de uma portaria, a Lei de Cotas para a pós-graduação. A quem a nossa educação está entregue? A serviço de quem a educação brasileira está?”, questionou indignado.
Pandemia
Além dessa grave crise política, Guimarães manifestou preocupação com a pandemia do coronavírus. “Lamentavelmente o Brasil está à deriva. O País já caminha para 50 mil mortos e o Ministério da Saúde, há um mês é comandado pela cúpula militar. Será que neste País não tem cientista, não têm autoridades sanitárias, não tem gente que foi formada para conduzir o Ministério da Saúde? O País paralisado no enfrentamento dessa crise, isto é normal? Não podemos encarar isso com normalidade”, protestou.
O líder disse ainda que, se olharmos para o lado da economia, lá também está um ministro (Paulo Guedes) que não tem credibilidade nenhuma para recuperar o prestígio do País ou dar segurança ao investidor para que invista no Brasil, “porque é um bravateiro”. Ele destacou as passagens de Guedes pelo Congresso, que prometeu entre outras coisas a redução – pela metade – do gás de cozinha em 60 dias, e até hoje isso não aconteceu. Citou ainda que o ministro disse que em um ano a economia brasileira estaria bombando.
“O que esse ministro da Economia fez? Absolutamente nada. É um impostor, é um incompetente, não tem credibilidade alguma para propor qualquer solução para a crise sanitária e econômica que o Brasil vai viver no segundo semestre”, criticou.
Auxílio emergencial
O líder da Minoria ainda fez um desabafo sobre os auxílios aos mais vulneráveis e a ajuda aos estados e municípios que foram aprovados pelo Congresso e que até agora, não chega à ponta. E esse governo ainda tem a desfaçatez de dizer que vai prorrogar o auxílio emergencial por 2 ou 3 meses, mas que vai reduzir o valor pela metade. “Isso é um absurdo porque é esse auxílio que está levando comida à mesa de muitas famílias brasileiras. Não é possível aceitar com naturalidade esse grave quadro político, econômico, sanitário e social do Brasil”, protestou.
Fora Bolsonaro
Guimarães concluiu reforçando que a crise se agrava. “Tudo tem limite”, afirmou. Ele disse não ter a menor dúvida de que, mais cedo ou mais tarde, a população brasileira não vai aceitar tamanho silêncio. “Chegará uma hora em que a panela de pressão explode, porque é a vida das pessoas que está em jogo, é o bolso do trabalho, são as pessoas que precisam da proteção do Estado, e o Brasil está desamparado, porque não tem governo. Chega! Por isso, a nossa voz se soma àqueles que, nesse momento, pedem a saída do Governo Bolsonaro”, completou.
Vânia Rodrigues