Parlamentares da Bancada do PT na Câmara protestaram nesta quarta-feira (28) contra a prisão do ativista político Paulo Roberto da Silva (Paulo Galo) e de sua esposa, Géssica de Paula Silva Barbosa, sob acusação de participarem de um protesto que culminou no incêndio da base da estátua do bandeirante Borba Gato, no último sábado (24), em Santo Amaro, zona sul da capital paulista. Pelo Twitter, os petistas afirmaram que a prisão é arbitrária e demonstra como a Justiça age com dois pesos e duas medidas contra militantes de esquerda ante atos de violência praticados por bolsonaristas.
A prisão temporária de Paulo Galo e de sua esposa foi decretada pela juíza Gabriela Marques da Silva Bertoli, do Tribunal de Justiça de São Paulo. O pedido de prisão foi apresentado pela Polícia Civil, alegando “associação criminosa”. Acusada de participar do ato que incendiou a base da estátua do bandeirante que caçava indígenas nos século XVII, Géssica Barbosa disse à imprensa que nem mesmo participou da ação. “Estava cuidando da minha filha”, assegurou.
Solidariedade do PT
A presidenta nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), ressaltou que não havia necessidade de prisão uma vez que os acusados se apresentaram espontaneamente na delegacia que investiga o caso. “Solidariedade ao Paulo Galo e sua companheira Géssica, presos quando se apresentaram voluntariamente à Polícia. Nada disso acontece com os bolsonaristas que espalham violência por aí. Estamos atentos”, disse.
O deputado Paulo Pimenta (PT-RS) ressaltou que a prisão de Paulo Galo e de sua esposa é “mais um absurdo acontecendo no Brasil”. E Completou: “O estado e suas prioridades, ultimamente a balança sempre pesa mais para um lado”.
Já o deputado Alencar Santana Braga (PT-SP) manifestou solidariedade a Paulo Galo e sua esposa e comentou que o Brasil não pode homenagear com estátua uma figura histórica que praticou tantos crimes. “Toda a minha solidariedade ao Paulo Galo, sua companheira e demais companheiros que, corajosamente, se apresentaram à polícia para que seja feita a investigação da queima da estátua do assassino mercenário Borba Gato. O Brasil não pode homenagear figuras como esta!”, ressaltou.
Na mesma linha, o deputado Paulo Teixeira (PT-SP) pediu “liberdade para Paulo Galo” e considerou a prisão dele e as mulher como “arbitrária”.
Perseguição Política
Outros parlamentares petistas apontaram ainda que, em casos muito piores do que o incêndio na estátua a Justiça e a polícia não agiram com o mesmo rigor.
Ao comentar as prisões, o deputado Alexandre Padilha (PT-SP) classificou o caso com um absurdo. “Todo apoio ao Galo e abaixo a perseguição política que estão sofrendo”, escreveu.
Já o deputado Rubens Otoni (PT-GO) comentou um tuíte do ex-presidente Lula sobre a prisão do ativista político. O ex-presidente disse que “é de se impressionar a rapidez com que o Estado manda prender alguém por queimar uma estátua, mas até hoje não conseguiu descobrir quem lançou uma bomba no Instituto Lula, quem atirou contra o ônibus da caravana e quem mandou matar Marielle Franco”, observou.
Em resposta, Otoni disse que Lula tem razão. “Quem queima uma estátua é preso rapidinho, mas quem jogou a bomba no Instituto Lula? Quem atirou contra a caravana do Lula? Quem mandou matar Marielle? Aí ninguém fala nada. Um absurdo!”, disse.
Já o deputado Padre João (PT-MG) observou que, nesse caso, é possível observar que uma estatua vale atualmente mais no Brasil do que a própria vida dos brasileiros. “Fogo em estátua que serve para abrigo de pombos é crime. O que dizer das 550 mil mortes de brasileiros mortos pela Covid? Genocidas, assassinos, perseguidores e exploradores continuam suas façanhas sem pudor. Uma estátua vale mais do que vidas? Hipocrisia pura”, acusou.
Por sua vez, o deputado Léo de Brito (PT-AC) disse que as prisões foram políticas. “Impressionante como o Brasil tem acumulado presos políticos. Lula, Rodrigo Pilha, Renato Freitas, dentre outros. Agora, Paulo Galo e sua esposa Géssica. Vivemos em um estado de direito? Eis a questão”, argumentou.
Crimes de Borba Gato
Em entrevista antes de se apresentar espontaneamente a polícia, Galo justificou a ação de colocar fogo na base da estátua de Borba Gato. “A sociedade precisa discutir se deve homenagear um genocida e abusador de mulheres”.
O bandeirante Manuel Borga Gato participou de várias expedições ao interior do País entre 1674 e 1681, em busca de metais preciosos. Nessas peregrinações, Borba Gato é acusado de ter cometidos assassinatos, violência sexual e escravizado indígenas.
Héber Carvalho