Na Bahia, indígenas da etnia Pataxó Hã Hã Hãe ocuparam fazendas na região sul do estado, na semana passada, reivindicando a conclusão do processo de demarcação das suas terras. No Tocantins, um protesto realizado por índios, quilombolas e camponeses sem terra chegou a bloquear um trecho da rodovia Belém-Brasília (BR-010). Como parte das ações do Abril Vermelho – mês das mobilizações de diversos movimentos sociais que lutam pela terra e pela reforma agrária, que também lembram o Massacre de Eldorado dos Carajás, ocorrido a 17 de abril de 1996 –, indígenas participaram de protestos conjuntos com agricultores e quilombolas e em cerca de vinte estados.
O deputado Padre Ton (PT-RO) deseja boa sorte à gestora, mas espera que o governo avance no setor. “Espero que a nova presidenta possa resgatar a capacidade e a autonomia da Funai, melhorar o diálogo com o Parlamento e com os indígenas e levantar a moral desse órgão. No momento atual, não temos muito o que comemorar. Ao contrário, temos colecionado derrotas. Por isso esperamos que o governo possa acelerar os processos de demarcação das terras indígenas”, disse Padre Ton, que é o presidente da Frente Parlamentar em Defesa dos Povos Indígenas.
Outro que tem uma postura de crítica construtiva sobre as políticas indigenistas é o deputado Valmir Assunção (PT-BA), mas ele se disse otimista com a nova responsável pela Funai . “Como primeira mulher a presidir a Funai, espero que ela consiga fortalecer a estrutura de pessoal e o orçamento deste órgão, que é bem parecido ao Incra, já que não conseguem atender às demandas dos indígenas e dos trabalhadores rurais por falta de pessoal e de recursos. Espero que o governo dê prioridade a esta área e possamos avançar na garantia dos direitos dos povos indígenas, bem como evitar os episódios de violência que têm ocorrido em vários estados do Brasil”, afirmou o deputado baiano.
Conflito – Valmir Assunção, que é natural do sul da Bahia, tem acompanhado de perto a disputa entre índios e fazendeiros da região e responsabiliza o Judiciário e a Funai pela violência. “Essa luta dos índios do sul da Bahia vem acontecendo há mais de 30 anos. O Judiciário não se posicionou sobre a ação de nulidade dos títulos de propriedade dos fazendeiros, que também não foram indenizados pela Funai. Se isso tivesse sido feito, não existiria o conflito”, avalia Valmir.
Marta Maria, a exemplo do seu antecessor, é antropóloga. Pesquisadora do Núcleo de Estudos de População da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), onde concluiu o doutorado em Demografia, é especializada em educação e etnologia indígena.
Rogério Tomaz Jr.