Foto: Roberto Stuckert Filho/PR
Em café da manhã com os jornalistas setoristas do Palácio do Planalto, nesta segunda-feira (22), a presidenta Dilma Rousseff saiu em defesa da Petrobras – alvo de denúncias de corrupção – e das estatais brasileiras, afirmou que a adoção de uma política econômica mais ortodoxa é compatível com a manutenção das políticas sociais, enfatizou a necessidade de uma reforma política e afirmou que, até o próximo dia 29, deverá ter “quase todos os ministros” de seu segundo mandato indicados. Confira, abaixo, os principais trechos da conversa entre a presidenta e os jornalistas.
Petrobras – “A (Graça) Foster disse que, diante de toda essa exposição, se a Petrobras for prejudicada de alguma forma – ou o governo – ela, então, coloca o cargo à disposição sem o menor constrangimento. Eu falei para ela que, do meu ponto de vista, isso não é necessário”.
“A situação dela não é uma situação fácil. Ela recebe todos os dias uma pressão que poucas pessoas seguram, e ela segura, pelos compromissos que ela tem com a Petrobras e com o País. Acredito que cria-se um clima muito difícil mesmo sem apontar sequer uma falha dela. Mas por causa do clima difícil eu preciso tirá-la? Eu a penalizo por algo que não é responsabilidade dela? Em nenhum momento compactuaremos com qualquer processo de fragilidade institucional da Petrobras”.
Economia – “Nós vamos organizar a casa e nos preparar para a retomada do crescimento econômico. Vamos fazer um processo de reorganização da economia almejando uma recuperação. Para isso, nós temos que fazer algumas medidas mais drásticas. Não significa, em hipótese alguma, que vamos reduzir os programas sociais. Nós teremos que ter um controle maior sobre outros gastos e teremos que fazer algumas reformas, como por exemplo o Programa de Sustentação do Investimento (PSI), que podemos balancear, reduzindo a zero o subsídio, mas mantendo o subsídio em áreas como inovação”.
“A inflação não saiu do controle. O Brasil continua com grandes reservas. E nós vamos continuar com medidas para melhorar nossa produtividade, como o Pronatec, que foi feito em parceria do governo federal com sistema S. Eu acho que o governo tem que ser uma pátria educadora”.
Reforma ministerial – “Até o dia 29 de dezembro eu quero ter quase os ministros todos indicados. Posso fazer o anúncio em duas levas ou em uma só”.
“Eu consultarei o Ministério Público Federal porque qualquer pessoa que eu for indicar, eu devo consultar sobre o que temos quanto a ela. Eu não quero que ele (Rodrigo Janot) me diga tudo, eu quero que ele me diga ‘sim’ ou ‘não’”.
Reforma política – “Eu acho que o Brasil precisa fazer um grande pacto contra a corrupção, que é a reforma política. A reforma política não pode ser minha, não pode ser senado, do judiciário ou da sociedade civil. Ou nós temos um projeto de reforma transitando ou não sairá reforma política”.
“O fim do financiamento empresarial de campanha, essa é a minha proposta. Eu acredito que isso é crucial para mudar a prática no Brasil. Acho que temos que equacionar a forma mais transparente de fazer isso. O pessoal da OAB e do Movimento Contra a Corrupção elencam mais três itens: um é a proporcionalidade do homem e da mulher. O outro é o fim da coligação proporcional. E o terceiro é são os dois turnos, que faz uma espécie de misto de distrital com proporcional, no voto parlamentar”.
Investigações – “Eu investigo indícios. Aceito indícios. Mas não pode ser acusação ao vento, porque aí se cria, no Brasil, um clima absurdo. Nós temos de investigar e punir, isto não significa que eu tenho de quebrar as empresas. (…) isso não significa que eu vou acabar com o emprego”
“Punir não é igual a destruir. Punir é igual a olhar para quem fez, quem é responsável, formar culpa e condenar, porque nós não estamos em uma sociedade ditatorial. Agora, daí a eu achar que todas as estatais estão sob suspeição, vai um caminhão. Vão mostrar para mim onde é que está a suspeição e o que é. Nenhum governo pode agir de outra forma, não pode fazer isso”.
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