A escalada do preço do diesel já ameaça parar o País. Nesta quarta-feira (23), diversas linhas de ônibus deixaram de circular na cidade do Rio de Janeiro. Na véspera (terça-feira,22), só no Aeroporto Juscelino Kubistchek, em Brasília, três voos tiveram que ser cancelados por falta de combustível.
As duas situações são decorrência da paralisação dos caminhoneiros, responsáveis pelo transporte do combustível, que reclamam exatamente dos sucessivos aumentos do óleo diesel que move seus caminhões.
A importação de diesel dos Estados Unidos dobrou neste governo: o combustível comprado dos norte-americanos representava 41% do total consumido no Brasil. Agora, esse percentual saltou para 82%. Com preço interno maior do que no mercado internacional, as multinacionais estão obtendo gordos lucros no país.
Durante o governo Lula, o diesel foi reajustado apenas 8 vezes, no governo Dilma, ele foi reajustado também 8 vezes e, no governo Temer, em apenas 2 anos, ele foi reajustado 229 vezes.
“Enquanto isso, as refinarias brasileiras estão ociosas”, lembra Lindbergh — até porque o objetivo de Temer é vender quatro delas.
115 aumentos
Em dez meses — desde julho de 2017 até agora — os brasileiros já foram bombardeados por nada menos que 115 aumentos nos preços dos combustíveis e gás de cozinha. Neste período, o óleo diesel, e a gasolina subiram 57% nas refinarias. O gás disparou 70%. “Dá para achar isso normal?”, questiona o líder do PT no Senado, Lindbergh Farias (RJ), que cobra uma providência imediata do governo para interromper essa escalada.
A única “solução” apontada pelo governo é a proposta, divulgada nesta quarta-feira (23), de eliminar a cobrança da Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico) sobre o diesel e a gasolina. Esse tributo representa apenas R$ 0,05 no atual preço do litro do diesel.
O aumento do preço do gás de cozinha já tem consequências dramáticas: 1,2 milhão de famílias (mais de 6 milhões de pessoas) já passaram a usar outros meios para preparar seus alimentos, como comprovou a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Não é só uma questão de conforto: recorrer ao fogareiro a álcool ou ao carvão tem aumentado assustadoramente o número de queimados que procuram a rede de saúde em decorrência de acidentes.
Regulação e responsabilidade social
Em pronunciamento ao Plenário do Senado, Lindbergh cobrou dos governistas uma atitude menos passiva. Não adianta só constatar que os aumentos são “absurdos”—como se não tivessem nada a ver com governo o que apoiam. “Absurdo, é mesmo! Mas eram vocês que diziam que qualquer tipo de regulação de preço era um equívoco”.
Durante os governos de Lula e Dilma, havia a preocupação social de segurar o preço do gás de cozinha, pelo impacto que esse produto tem na vida da população em geral e das pessoas mais pobres, em particular. Ao longo de todo aquele período, o preço do botijão de gás ficou na casa dos R$ 30. “Qual o problema de segurar o preço do botijão de gás?”, cobrou Lindbergh.
Devastação social
O Brasil precisa parar o governo Temer antes que o governo Temer paralise irremediavelmente o País, alerta Lindbergh. O aumento dos combustíveis é apenas um exemplo da devastação social decorrente das políticas — ou da falta de — dos atuais ocupantes do poder, que têm resultado em uma piora drástica e acelerada de todos os indicadores sociais.
A desnutrição infantil cresceu 11% nesses dois anos desde o golpe. A tuberculose e todas as doenças relacionadas à má nutrição estão de volta o processo de melhoria da qualidade de vida do povo está sendo revertido. Enquanto os governos petistas retiraram 32 milhões de pessoas da pobreza extrema, o País agora faz o processo inverso: desde 2017 1,5 milhão de pessoas retornaram a essa condição.
“Apenas no Rio de Janeiro, meu estado, o número de pessoas em situação de pobreza extrema triplicou nesses dois anos de golpe: eram 143 mil pessoas. Agora são 480 mil pessoas”, denuncia Lindbergh.
PT no Senado