Neste mês de setembro, os trabalhadores da Petrobrás comemoram dez anos de produção no pré-sal, cujos campos registraram em julho a marca histórica de 1,821 milhão de barris de óleo e gás por dia. Isso representa 55,1% de toda a produção nacional. São raros os países produtores de petróleo que realizaram essa façanha em tão pouco tempo.
A Petrobrás descobriu o pré-sal em 2006, realizou a primeira extração em 2008, chegou a 500 mil barris em 2014, dobrou a produção para 1 milhão de barris em 2016 e agora bate mais um recorde com 1,5 milhão de barris. Nenhuma outra empresa no mundo foi capaz de explorar com tanta eficiência uma nova fronteira petrolífera, a sete mil metros de profundidade, atingindo em uma década a produção diária de 1,5 milhão de barris.
Isso só foi possível, em função dos investimentos massivos que a Petrobrás recebeu nos governos democráticos e populares, que recuperaram a engenharia da empresa, fortaleceram as pesquisas em tecnologia, e fizeram da estatal brasileira uma das maiores petrolíferas do mundo.
O pré-sal brasileiro já produz mais óleo e gás do que Angola, Indonésia, Reino Unido, Malásia, Omã, Austrália, Índia, entre outras nações. As gigantescas reservas dos campos de Lula, Libra e Búzios figuram entre as dez maiores descobertas de petróleo do mundo.
Há países que sequer conseguem produzir a quantidade de petróleo extraída de um único poço do pré-sal. No campo de Nero, localizado na área de Libra, apenas um poço produziu em junho 58 mil barris de óleo e gás por dia. Isso é mais do que a produção diária de países como Síria, Tunísia e Iêmen.
Entreguismo – A despeito de toda a sua importância estratégica, o pré-sal está sendo entregue às multinacionais pelo governo Temer em troca de centavos. Desde o golpe, em 2016, já foram realizados cinco leilões de petróleo, onde foram entregues cerca de 30 bilhões de barris de petróleo de reservas preciosas do pré-sal e das áreas contíguas, localizadas no entorno desta fronteira.
Os valores médios pagos por cada barril leiloado ficaram em torno de R$ 0,40. Um barril de petróleo bruto contém cerca de 158 litros, o que torna ainda mais dramática a situação imposta ao povo brasileiro, obrigado a pagar preços absurdos pela gasolina, diesel e gás de cozinha.
Com o último aumento da gasolina na semana passada, o litro já está sendo vendido nos postos a mais de R$ 5,00. Desde julho, o derivado acumula 69% de aumento nas refinarias da Petrobras, enquanto a inflação do período foi de 4,8%.
Em meio a essa tragédia anunciada, o governo realizará no dia 28 de setembro mais um leilão do pré-sal. A 5ª rodada da Agência Nacional de Petróleo (ANP) no modelo de Partilha de Produção licitará 16,5 bilhões de barris de petróleo em cinco blocos nas Bacias de Santos e Campos: Saturno, Titã, Pau Brasil e Tartaruga Verde.
A ANP divulgou que 12 empresas participarão do leilão. Com exceção da Petrobrás, as demais petrolíferas que disputarão as áreas do pré-sal são todas multinacionais. Segundo estimativas feitas pelo Dieese, o preço médio ofertado por barril ficará em torno de R$ 0,40, variando entre R$ 0,12, no bloco de Pau-Brasil, e R$ 0,51, nas áreas de Saturno e Titã, consideradas as mais produtivas.
Além disso, o governo Temer corre para tentar aprovar no Senado o Projeto de Lei Complementar 78/18, que autoriza a Petrobrás a abrir mão de 70% dos cinco bilhões de barris de petróleo da Cessão Onerosa e cujas reservas excedentes podem chegar a 15 bilhões de barris de petróleo. O projeto já foi aprovado a toque de caixa, em junho, na Câmara dos Deputados Federais e se passar pelo Senado, autorizará a entrega de mais 18 bilhões de barris de petróleo do pré-sal.
“Este governo e os parlamentares entreguistas estão doando nosso petróleo às multinacionais e acabando com as possibilidades de desenvolvimento, industrialização, emprego e renda que o pré-sal poderá gerar para o País. Estamos retrocedendo ao colonialismo”, alerta o coordenador da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Simão Zanardi, ressaltando que só a mudança do projeto político poderá reverter esta situação.
“O povo vai precisar escolher nas eleições de outubro se prefere manter essa política e pagar caro pelos combustíveis ou se quer de volta um país soberano, onde o petróleo seja utilizado em benefício da população e não das empresas estrangeiras”, afirmou.
Site da FUP