A posse da presidenta Michelle Bachelet, em seu segundo mandato à frente do governo do Chile, demonstra que a América do Sul avança “não apenas em termos de crescimento econômico e desenvolvimento social e humano, mas também e, sobretudo, na igualdade de gênero”, afirmou a presidenta Dilma Rousseff nesta terça-feira (11), durante o almoço oferecido pela nova chefe do executivo chileno aos chefes de Estado presentes à sua posse.
Dilma destacou o papel desempenhado por Bachelet como diretora da ONU-Mulheres, cargo que ela ocupou após concluir o primeiro mandato como presidente do Chile — o país não tem reeleição para o Executivo —, trabalho que “tanto ajudou a promover a igualdade de gênero”. A presidenta recordou uma frase de Michelle Bachelet que, para ela, resume essa nova realidade sulamericana: “Quando uma mulher entra na política, muda a mulher. Quando muitas mulheres entram na política, muda a política”.
Com a posse da socialista Bachelet, a América do Sul passa a ter a maior parte de sua população (67%) governada por mulheres. Dilma Rouseff, do Brasil; Cristina Kirchner , da Argentina; e Michelle Bachelet, do Chile, estão à frente dos três países que, juntos, representam 70% do território do continente e respondem por 70% do Produto Interno Bruto da região.
No almoço desta terça-feira, Dilma foi responsável por fazer o brinde à recém empossada chefe de estado, em nome de todos os seus colegas presentes ao almoço oferecido por Bachelet no Palácio Presidencial de Cerro Castillo, em Viña del Mar. A presidenta do Brasil lembrou o significado especial que tem o Chile para todos latino-americanos que lá encontraram refúgio e proteção em diversos períodos da história do continente. “Aqui, muitos defensores da liberdade em nossos países encontraram o ‘asilo contra la opresión’ de que fala o hino nacional chileno”, destacou.
Para Dilma, foi no enfrentamento a essa opressão que começou a se forjar a nova face da América do Sul, hoje majoritariamente governada por correntes progressistas. “As ricas – e por vezes trágicas – experiências políticas que vivemos nos ajudaram a transformar a complexa realidade de nosso continente e de nossas nações”, afirmou. Foram essas lutas que “fortaleceram nossas convicções democráticas e nossa decisão de realizar reformas econômicas e sociais capazes de tirar nossos povos da situação de exclusão em que, historicamente, se encontravam”.
Michelle Bachelet, assim como Dilma, teve ativa militância política no combate à ditadura que se instalou em seu país em 1973. O pai da presidente chilena, Alberto Bachelet, brigadeiro-general da Força Aérea do Chile, foi preso e assassinado pelo regime militar liderado pelo general Augusto Pinochet. Michelle viveu na clandestinidade, foi presa e acabou exilando-se. “Tenho presente o significado deste momento [a posse de Bachelet] para muitas outras mulheres e homens que, assim como nós, tiveram um passado de ativa militância política e um presente de construção da democracia e do desenvolvimento em nossas nações”, destacou Dilma.
PT no Senado com PT na Câmara dos Deputados