A Câmara decidiu nesta quarta-feira (15) criar uma comissão externa para acompanhar, fiscalizar e propor providências sobre o desaparecimento do indigenista Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Philips, na região do Vale do Javari, no estado do Amazonas. Esses profissionais que atuam com temas ambientais desapareceram no último dia 5 de junho.
O requerimento aprovado que garantiu a criação do colegiado é de autoria da deputada Joenia Wapichana (Rede-RR), do líder da Bancada do PT, deputado Reginaldo Lopes (MG), do líder da Minoria, deputado Alencar Santana (PT-SP), e dos parlamentares petistas Nilto Tatto (SP), Airton Faleiro (PA), Patrus Ananias (MG) e José Ricardo (AM), além de outros deputados da Oposição.
“Há uma grande omissão, sim, na apuração do paradeiro de Bruno Pereira e Dom Phillips. Eles estavam na Região Amazônica fazendo uma matéria, buscando informações, com certeza, para denunciar o garimpo ilegal, o desmatamento ilegal, os madeireiros e outros que lá atuam devastando, explorando a nossa terra, a nossa riqueza e ameaçando as comunidades indígenas”, denunciou Alencar Santana.
O líder da Minoria disse ainda que a demora do governo Bolsonaro revela proteção “à alguns que têm lá outros interesses, como disse o delegado Saraiva, na maior apreensão de madeira tirada de maneira ilegal, toneladas e toneladas”. Alencar Santana se referiu ao ex-delegado da Polícia Federal Alexandre Saraiva, responsável pela investigação que denunciou o ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles por envolvimento em contrabando de madeira ilegal.
“Um delegado foi punido por fazer o seu papel. Ontem, ele denunciou que há várias pessoas interessadas e que agem ali em uma tentativa de proteção”, disse o deputado mencionando a denúncia feita pelo ex-delegado na entrevista concedida ao programa Estudio I, da Globonews.
Na entrevista, Saraiva denunciou parlamentares e políticos que, segundo ele, fariam parte do que ele classificou de Bancada do Crime na Amazônia.
Para Alencar Santana é “vergonhoso” o fato de a Polícia Federal, o Ministério da Defesa, só agirem após a decisão judicial. “Por que não fizeram antes? Ou não interessa o desaparecimento de duas pessoas em território nacional?”, questionou.
“O presidente (Bolsonaro) diz que ali não tem nada a ver. Na verdade, ele tem medo de tudo que pode encontrar de ilegalidade, irregularidade e de eventuais aliados envolvidos”, criticou.
Alencar Santana defende apuração rigorosa do caso, e espera que a Polícia Federal não se omita, e que cumpra com a sua função. “Que os delegados, os demais policiais e os agentes que cuidam do caso estejam cumprindo com a sua missão, com o que é da competência do cargo que ocupam”, assinalou.
Benildes Rodrigues