Por golpismo no 8/1, comandante da PM e outros seis policiais do DF são presos

Em troca de mensagens, o comandante da PM Klepter Rosa defendeu abertamente um golpe de Estado para impedir a posse de Lula Foto: Marcelo Camargo - Site do PT

PF prendeu preventivamente Klepter Rosa Gonçalves nesta sexta-feira (18). “Que as investigações continuem e que todos os personagens dessa trama criminosa sejam responsabilizados”, diz Paulo Pimenta;

O cerco vai se fechando cada vez mais sobre bolsonaristas que tramaram e os que foram omissos na tentativa de golpe de Estado fracassada no dia 8 de janeiro em Brasília. Nesta sexta-feira (18), a Polícia Federal deflagrou mais uma operação na qual prendeu o comandante da Polícia Militar do Distrito Federal Klepter Rosa Gonçalves. No total, a PF cumpriu mandado de prisão preventiva de sete membros da PM que estavam na ativa em janeiro, entre eles o ex-comandante Fabio Vieira, José Ferreira Sousa Bezerra, Marcelo Casimiro Rodrigues e Rafael Pereira Martin. Pela chamada Operação Incúria, a corporação também expediu cinco mandatos de busca e apreensão.

A operação foi autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. Todos foram denunciados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por suspeita de negligência no dia da tentativa de golpe na capital federal. As investigações detectaram, segundo a PGR, “profunda contaminação ideológica” entre os policiais da ativa à época. De acordo com a Procuradoria, a Polícia Militar tinha informações de inteligência sobre as ameaças de ataques golpistas aos Três Poderes dias antes dos atos de 8 de janeiro.

“Segundo as provas existentes, os denunciados conheciam previamente os riscos e aderiram de forma dolosa ao resultado criminoso previsível, omitindo-se no cumprimento do dever funcional de agir”, destacou a PGR em nota.

“Todos os denunciados, reitere-se, detinham capacidade de interromper o curso causal, por ação individual, dado o potencial exercício de poderes de comando, ou conjunta”, prossegue a Produradoria. “Abstiveram-se, pois estavam conluiados para que se permitisse a materialização dos atos antidemocráticos”.

Gonçalves era o responsável pela atuação do efetivo policial do DF na posse de Lula, no dia 1º de janeiro. Ele subiu ao posto de comandante da PM interinamente depois do 8 de janeiro. Segundo a Folha de S.Paulo, Klepter autorizou a folga de Jorge Eduardo Naime Barreto no dia 8. À época, Naime comandava o Departamento Operacional da corporação e respondia pelo plano de prevenção a ataques golpistas na capital.

Troca de mensagens e ameaças

Na denúncia encaminhada ao STF, a PGR anexou mensagens, vídeos e áudios trocados entre os policiais, todos com teor golpista e alguns com ameaças, visando impedir a posse de Lula em janeiro. Uma delas, entre Klepter Gonçalves e Fabio Vieira, data de 28 de outubro, dois dias antes das eleições.

“Rapaz, vocês têm que entender o seguinte: o Bolsonaro, ele está preparado com o Exército, com as Forças Especi… As Forças Armadas, aí, para fazer a mesma coisa que aconteceu em 64. O povo vai pras rua, que ninguém vai aceitar o Lula ser… Ganhar a Presidência, porque não tem sentido, o povo vai pedir a intervenção e, aí, meu amigo, eles vão nos livrar do comunismo novamente”, diz um trecho da transcrição do vídeo enviado por Gonçalvez a Vieira.

Após receber a mensagem, Vieira repassou o conteúdo para Casimiro Rodrigues. Ele era comandante do 1º Comando de Policiamento Regional, responsável justamente pela segurança da Esplanada dos Ministérios e Praça dos Três Poderes.

Em outra mensagem, Klepton diz: “Na hora que der o resultado das eleições que o Lula ganhou, vai ser colocado em prática o art. 142, viu? Vai ser restabelecida a ordem, se afasta Xandão, se afasta esses vagabundo tudinho e ladrão, safado, dessa quadrilha… Aí vocês vão ver o que é por ordem no país. Não admito que o Brasil vai deixar um vagabundo, marginal, criminoso e bandido, como o Lula, voltar ao poder”.

Omissão Planejada

Para o ministro Alexandre de Moraes, as trocas de mensagens evidenciam uma “omissão planejada” entre os policiais do DF quanto à segurança naquele 8 de janeiro.

“O contexto extraído da investigação evidencia que todos os denunciados se omitiram dolosamente, aderindo aos propósitos golpistas da horda antidemocrática que atentou contra os três Poderes da República e contra o regime democrático”, escreveu o ministro, na decisão que determinou a prisão preventiva dos sete oficiais da alta cúpula da PM do DF.

Reação do PT

Após eclodir a operação, o deputado federal Carlos Zarattini (PT-SP) comentou as prisões. “O cerco vai se fechando e vamos seguir cobrando que todos os que atentaram contra nossa democracia sejam punidos com o rigor da lei. Civil ou militar todos precisam pagar por essa tentativa de golpe”, defendeu o deputado, pelas redes sociais.

“Que as investigações continuem e que todos os personagens dessa trama criminosa sejam responsabilizados”, reagiu o ministro-chefe da Secretária de Comunicação Social da Presidência da República, Paulo Pimenta.

Já o senador Humberto Costa considerou como “grave” o novo capítulo das investigações sobre os atos golpistas. “A PF tem provas de que policiais desmontaram barreiras para permitir a passagem de golpistas no dia dos atos antidemocráticos de 8 de janeiro. Hoje, parte da cúpula da PMDF foi presa”, escreveu Costa.

Da Redação da Agência PT

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