A ex-presidente Dilma Rousseff foi listada entre as ”mulheres do ano” em uma edição especial do jornal de economia Financial Times. O nome de Dilma é o quarto em uma lista que tem como primeiro lugar a premiê britânica Theresa May, seguida pela ginasta Simone Biles e pela empresária Jean Liu, presidente da empresa Didi Chuxing. A ex-candidata à presidência dos EUA, Hillary Clinton, é o 10º nome da lista.
A edição se propõe a ”celebrar as conquistas das mulheres, e registrar seus fracassos”, e traz um longo perfil da presidente afastada no primeiro semestre e uma entrevista em que ela fala do processo de impeachment e dos seus planos para o futuro.
”Para uma mulher que aguentou um duro processo político de seis meses, que resultou em seu impeachment e retirada do poder, a ex-presidente brasileira Dilma Rousseff parece notavelmente relaxada”, diz o texto.
Apesar disso, diz o jornal, ela ainda demonstra indignação quando fala sobre o processo que a afastou do poder (que ela chama de ”golpe”) e sobre o governo que a substituiu. ”É um governo de velhos homens brancos ricos, ou pelo menos dos que querem ser ricos”, disse Dilma.
Na avaliação da deputada Maria do Rosário (PT-RS), a escolha da presidenta eleita Dilma Rousseff como uma das mulheres mais importantes do ano e como um nome da economia mundial, é o reconhecimento de que o ilegítimo e sem voto Michel Temer está fazendo tudo errado. “É uma avaliação de um jornal especializado em economia que observa os valores e propostas desenvolvidas por Dilma. Isso, de certa forma, é um contraponto à destruição do Estado brasileiro promovido por Temer e a turma do golpe, que retirou a presidenta Dilma do poder”, reforçou a deputada.
Para a deputada Margarida Salomão (PT-MG), a indicação do Financial Times é importante porque é o reconhecimento da presidenta eleita Dilma como uma grande lutadora social, uma personagem da história e uma referência da política brasileira. “Precisamos de muitas Dilmas neste momento difícil para tirarmos o Brasil deste lamaçal no qual que ele se encontra”, afirmou.
Poderosa – A deputada Benedita da Silva (PT-RJ) considera que o adjetivo “poderosa” é o que melhor descreve a presidente eleita Dilma Rousseff no momento em que ela figura na lista das mulheres mais poderosas do mundo. “Eu tenho certeza que muitos brasileiros que embarcaram na onda do golpe, seja por influência da mídia ou pelas ações dos golpistas, em um determinado momento, com certeza, ainda irão descobrir a enorme injustiça que foi cometida contra essa pessoa íntegra, ética e legitimamente eleita pelo povo, chamada Dilma Rousseff”.
O deputado José Guimarães (PT-CE) destacou no seu Twitter a escolha de Dilma entre as 10 mulheres que marcaram o ano. Ele enalteceu a presidenta como “uma mulher corajosa”.
O deputado Pepe Vargas (PT-RS) escreveu no seu Twitter: “Enquanto revista brasileira dá prêmio ao usurpador, a Financial Times elege Dilma como uma das ‘mulheres do ano”.
Os deputados Angelim (PT-AC) e Chico D’Angelo (PT-RJ) também usaram o twitter para comentar a reportagem sobre o reconhecimento da presidenta Dilma como uma das mulheres do ano pelo Financial Times. “O lugar dela na história como vítima de um golpe sujo já estava escrito. A escolha como uma das mulheres do ano é pouco pelo tamanho dessa lutadora”, escreveu Angelim.
Julgamento político – Segundo o ”FT”, o processo de impeachment foi um julgamento político. ”O verdadeiro motivo pelo qual ela perdeu o poder foi a queda na sua popularidade em meio a uma recessão crescente e uma investigação de corrupção na estatal Petrobras”, diz.
O Financial Times foi um dos principais críticos estrangeiros à política econômica do governo Dilma. O perfil dela na edição especial do jornal aponta erros do seu governo, que levaram à piora na crise econômicae diz que Dilma se nega a admitir responsabilidade. Os problemas do país, segundo ela, são efeitos da crise econômica internacional.
Dilma falou ainda sobre o fato de ter sido a primeira mulher presidente. Ela alega que queria deixar para as mulheres o legado de uma presidência bem-sucedida, mas que pelo menos deixou o de uma mulher que não cedeu e que continuou lutando até ser derrubada.
De forma geral, o perfil passa uma imagem positiva da ex-presidente. É interessante perceber ainda que ele foi publicado em um momento em que a imprensa internacional, e o próprio Financial Times, parecem ter se virado contra o governo de Michel Temer. O jornal tem publicado várias reportagens mostrando o enfraquecimento do presidente em meio a novas crises, e chegou a dizer que ele está em uma corda bamba política.
Confira a lista das dez primeiras:
Theresa May, primeira ministra do Reino Unido
Simone Biles, ginasta norte-americana
Jean Liu, presidente da Didi Chuxing, maior empresa de transportes da China
Dilma Rousseff, ex-presidente do Brasil
Mary Berry, apresentadora da BBC
Maria Grazia Chiuri, primeira mulher a dirigir a Dior
Njideka Akunyili Crosby, artista plastica nigeriana
Margrethe Vestager, líder do partido Social-liberal da Dinamarca
Phoebe Waller-Bridge & Vicky Jones, autoras da série Fleabag
Hillary Clinton – primeira mulher candidata à Presidência dos EUA
PT na Câmara com agências
Foto: Raquel Espírito Santo