Pochmann defende papel do IBGE para planejar as políticas públicas

“A recuperação do IBGE é urgente e inadiável, após o vendaval tóxico e destrutivo dos anos recentes", afirmou o novo presidente do IBGE Foto: Ricardo Stuckert

O economista Marcio Pochmann tomou posse, nesta sexta-feira (18), na presidência do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), durante solenidade que contou com a presença do presidente Lula, no Ministério do Planejamento e Orçamento (MPO), do vice-presidente Geraldo Alckmin, da ministra do Planejamento Simone Tebet e do ex-presidente do órgão Cimar Azevedo.

Ao destacar que a recuperação do órgão é “urgente e inadiável”, ele assumiu o compromisso de trabalhar pelo seu resgate como “muito importante e prestigiada instituição de produção de conhecimento estatístico de referência geográfica do planeta”.

“Sem concursos públicos e com rebaixamento salarial e precarização generalizada das condições de trabalho, o IBGE foi submetido a uma de suas piores situações vivenciadas desde o ano de 1936, quando foi constituído”, disse Pochmann, em referência ao estrago promovido pelo governo passado, marcado pelo negacionismo e pelo desprezo pelas instituições”, completou.

Segundo Pochmann, não fosse “a ação de resistência destemida e valorosa dos servidores e colaboradores, com a atuante e consistente ação sindical, respaldadas por forte conhecimento das esferas esclarecidas da nossa sociedade, e amparadas por uma mídia que fez ecoar denúncias de danos promovidos, encontraríamos uma instituição em plena ruína”.

Nova realidade

Durante a solenidade, Pochmann comemorou o fato de, a partir da posse do presidente Lula, a situação de abandono enfrentada pelo IBGE estar sendo revertida. “A marcha da insensatez degradante que se abateu sobre o país, em todas as dimensões da governança, foi interrompida. Com a garantia de recursos adicionais ao término do censo demográfico, o reajuste inicial das remunerações e a aprovação de concursos para a incorporação de novos ibegeanos e ibegeanas, a principal instituição de pesquisa do Estado brasileiro sobre a nação passou a respirar aliviada”, disse.

O economista ressaltou que o momento é de reconstrução e ampliação de horizontes, em sintonia com todos os avanços que a era digital proporciona e que tem feito evoluir as principais instituições homólogas nas nações que possuem os melhores e mais abrangentes dados estatísticos do planeta. “O Brasil, pelas suas dimensões e aspirações, não pode ficar atrás nesse processo. Ao IBGE cabe resgatar o protagonismo que o aureolou como muito importante e prestigiada instituição de produção de conhecimento estatístico de referência geográfica do planeta”, sublinhou.

Pochmann também declarou que o momento de sua posse consagra uma trajetória que parte, justamente, da interpretação de que tanto o Brasil quanto o IBGE estão inseridos em um novo mundo, que leva todas as nações a refletirem sobre o presente e o futuro na terceira década do século 21.

“A transformação é geral, partindo do deslocamento relativo do centro dinâmico do mundo, do ocidente para o oriente, concomitante com o avanço da era digital e a passagem para outro regime climático, cujos efeitos para a transição demográfica são inéditos. Por isso, os antigos parâmetros que orientaram a trajetória da construção nacional, consagrados pelo projeto de modernidade ocidental caíram por terra”, pontuou o novo presidente do IBGE.

Ele lembrou da fala do presidente Lula durante o encontro do G7, em Hiroshima, no Japão, quando o mandatário afirmou que desemprego, pobreza, fome, degradação ambiental, pandemias e todas as formas de desigualdades e discriminação são problemas que demandam uma resposta socialmente responsável. “Essa tarefa só é possível com um Estado indutor de políticas públicas voltadas à garantia de direitos fundamentais e do bem estar coletivo”, afirmou o economista.

 

Planejamento

O trabalho do IBGE é fundamental para o planejamento das políticas públicas, sendo o principal provedor de dados e informações do Brasil, que atendem às necessidades dos mais diversos segmentos da sociedade civil, bem como dos órgãos das esferas governamentais federal, estadual e municipal.

O órgão oferece uma visão completa e atualizada do País, por meio do desempenho de suas principais funções: Coordenação dos Sistemas de Informações Cartográficas e Estatísticas; Produção de Informações Estatísticas; Produção de Informações Geocientíficas; Produção de Informações Censitárias; Produção de Informações Ambientais; Disseminação de Informações; Gestão do Ensino Superior, Pesquisa e Extensão.

O novo presidente do IBGE assumiu o compromisso de trabalhar para fazer jus à confiança e à expectativa de êxito à frente do órgão. “A produção ao tempo e à hora, com máxima qualidade e rigor técnico-científico das informações e dados que servirão para o desenho, promoção e verificação dos resultados, das ações estratégicas em prol do bem harmonioso de todos os que conformam a principal riqueza de uma nação, que é o seu povo”, disse.

Por essa razão, prosseguiu: “Motivado e honrado pela missão recebida do presidente Lula, e sob o comando da ministra [do Planejamento e Orçamento] Simone Tebet, entendo básico reafirmar, mais uma vez, a dupla função estratégica do IBGE: de um lado, o espelho reflexivo da nação, que, continuamente, revela quantos somos, como somos, como vivemos, trabalhamos, moramos, alimentamos e tudo mais. O verdadeiro cartão de apresentação ao mundo. E, de outro lado, a bússola de movimento da nação, capaz de monitorar trajetórias perseguidas, mudanças de rumo e macrotendências portadoras de futuro, o fio terra de conexão com a realidade e das esperanças do conjunto do povo”.

A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, destacou o currículo e a trajetória de Marcio Pochmann e frisou que, ao longo dos anos, os dados do IBGE basearam as pesquisas do economista, notadamente na área do trabalho e emprego. “Agora, sob sua presidência, o IBGE, esse patrimônio nacional, continuará a serviço em benefício da sociedade brasileira”, disse.

Ela destacou que a posse de Pochmann no órgão está em sintonia com o esforço do governo para unir e reconstruir o país.

“Caro Marcio Pochmann, eu já disse bem vindo ao Ministério do Planejamento e Orçamento, bem vindo à execução do objetivo maior desse governo, que é atacar as desigualdades e incluir o pobre no orçamento, tirar o Brasil do mapa da fome, construir um sistema justo e propulsor do desenvolvimento, gerar emprego e distribuição de renda, garantir casa própria, segurança pública, educação, saúde pública de qualidade. Tudo isso entre aspas, porque são, literalmente, as palavras do presidente Lula. Bem-vindo, enfim, à execução do projeto de união e reconstrução do Brasil”, afirmou a ministra.

Quem é Marcio Pochmann

Márcio Pochmann tem perfil técnico, acadêmico e também experiência profissional em gestão pública. É graduado em Ciências Econômicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), pós-graduado em Ciências Políticas pela Associação de Ensino Superior do Distrito Federal, doutor em Ciência Econômica pela Universidade Estadual de Campinas e pesquisador do Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho.

Pochmann foi presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) entre 2007 e 2012 e também presidiu a Fundação Perseu Abramo (do Partido dos Trabalhadores), entre 2012 a 2020. Antes de assumir o IBGE, ele presidia o Instituto Lula, com sede em São Paulo.

PTNacional

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