Em uma sessão tensa, o plenário da Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira (17), por 433 votos favoráveis e apenas um contrário, a criação da comissão especial que vai analisar o processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff. Composta por 65 integrantes titulares e 65 suplentes, o PT terá oito membros titulares no colegiado e oito suplentes. Durante a sessão, os parlamentares aliados do governo Dilma responderam as provocações e ataques de opositores, chamando-os de golpistas.
Após a proclamação do resultado da votação, o presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), convocou reunião com os líderes de todos os partidos para definir os nomes indicados para a presidência e relatoria da Comissão.
Durante a sessão, o líder do PT na Câmara, deputado Afonso Florence (BA), afirmou que a bancada do PT votaria favorável à instalação do colegiado, mas que denunciava seu caráter golpista.
“O voto sim do PT na chapa significa que essa tentativa de impeachment não tem nenhuma sustentação jurídica. Mais de 100 milhões participaram das eleições de 2014, e a presidenta Dilma foi eleita com mais 54 milhões de votos. Portanto, querer legitimar um impeachment pelo fato de que houve manifestação da oposição nas ruas, é golpe”, ressaltou.
O parlamentar também lembrou que em 1944, 1954 e 1964 o país também enfrentou desestabilizações políticas com a perseguição aos comunistas e contra conquistas populares com os mesmos discursos fascistas de hoje e com o apoio de órgãos sistemáticos dos mesmos conglomerados de mídia atuais que pregam o golpe, como o Globo, a Folha e Estado de São Paulo.
Na mesma linha, o vice-líder do governo, deputado Paulo Teixeira (PT-SP), destacou que “o impeachment da presidenta Dilma é ilegal e uma afronta ao Estado Democrático de Direito”.
“Esse impeachment não tem base jurídica. No presidencialismo, para haver impeachment tem que ter crime de reponsabilidade ou descumprimento de lei orçamentária. Não existe crime, e o próprio relator do orçamento recomenda a aprovação das contas da presidenta”, destacou.
De acordo com Teixeira, o que existe na verdade contra a presidenta Dilma é o inconformismo da oposição com o resultado das eleições em 2014 e a tentativa de impedir a presidenta de governar com a aprovação de pautas bombas.
A Comissão Especial será instalada às 19h, no plenário 1 da Câmara.
Fazem parte da Comissão como titulares os petistas Arlindo Chinaglia (SP), Henrique Fontana (RS), José Mentor (SP), Pepe Vargas (RS), Vicente Cândido (SP), Wadih Damous (RJ) e Zé Geraldo (PA). Já os suplentes são os parlamentares Assis Carvalho (PI), Benedita da Silva (RJ), Bohn Gass (RS), Carlos Zarattini (SP), Luiz Sérgio (RJ), Padre João (MG), Paulo Pimenta (RS) e Valmir Assunção (BA).
Héber Carvalho
Foto: Gustavo Bezerra/PT na Câmara
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