O deputado Paulo Pimenta (PT-RS), vice-líder da Bancada do PT, protocola na Câmara, nesta quarta-feira (27), uma questão de ordem sobre as regras para votação do pedido de cassação do mandato do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ex-presidente da Casa e réu no Supremo Tribunal Federal. A votação, em plenário, deve ocorrer já nas primeiras semanas de agosto. “Queremos que o rito seja igual ao ocorrido na sessão de votação do afastamento da presidenta Dilma Rousseff”, defende Pimenta.
O deputado do PT gaúcho alerta que existe um movimento, nos subterrâneos do poder, para salvar Eduardo Cunha, que envolve o “próprio presidente ilegítimo Michel Temer” e demais aliados do governo golpista. Diante disso, segundo o deputado, interessa a Cunha, aos golpistas e a Temer que esse processo seja o mais escondido possível.
Na questão de ordem, que já havia sido apresentada ao então presidente em exercício, deputado Valdir Maranhão (PP-MA), Paulo Pimenta propõe que a sessão para a apreciação da cassação de Cunha aconteça em um domingo, com três dias de debate prévio e com a chamada nominal dos deputados para a manifestação do seu voto em microfone, exatamente como aconteceu na apreciação da admissibilidade do impeachment da presidenta Dilma.
“Vocês se recordam que, sob a alegação de que se tratava de uma sessão histórica para apreciar o possível afastamento de um chefe de Poder, foi definido um rito especial, então, a minha proposta é essa, que o julgamento de Cunha siga o mesmo procedimento, as mesmas regras e a mesma lógica”, enfatiza Paulo Pimenta.
Para Pimenta, cada deputado e cada deputada deverá ir à Tribuna dizer se é contra ou a favor da cassação de Eduardo Cunha, “o golpista chefe do julgamento da Dilma, na Câmara dos Deputados, envolvido em todo tipo de esquema de irregularidades de desvio de centena de milhões de dólares depositados em paraísos fiscais no mundo inteiro”.
Paulo Pimenta defende ainda que haja uma mobilização, principalmente nas redes sociais, para que a Rede Globo transmita a sessão, ao vivo, como aconteceu na sessão que analisou o afastamento da presidenta Dilma. “Queremos telões para que o povo na rua possa assistir. Quero ver os defensores de Cunha enrolados na bandeira do Brasil, batendo panela, com camiseta da seleção brasileira, vir ao microfone e dizer para o Brasil que querem proteger o chefe do esquema criminoso por trás do processo de impeachment”, provoca.
O parlamentar gaúcho diz que não se pode aceitar que a sessão de cassação de Cunha aconteça de madrugada, com voto “constrangido” no painel e sem que o povo brasileiro possa acompanhar. “Então, estamos formalizando essa questão de ordem e queremos que a Mesa Diretora analise. Não vamos abrir mão de uma sessão com transparência para que esse julgamento ocorra”, reforça.
Histórico – O pedido de cassação de Eduardo Cunha por quebra de decoro parlamentar foi aprovado no Conselho de Ética da Câmara no dia14 de junho, depois de 11 meses de manobras e protelações por parte dos seus aliados. No parecer aprovado, o relator do processo afirma que há provas robustas que confirmam que Cunha mentiu à CPI da Petrobras, em março de 2015, quando negou ter contas no exterior e afirmou não ter recebido propina ligada ao esquema. Posteriormente, a Procuradoria-Geral da República confirmou a existência de contas na Suíça ligadas a Cunha e sua família.
Vânia Rodrigues
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