O líder do PT, deputado Paulo Pimenta (RS), em discurso contundente na tribuna da Câmara, nesta quarta-feira (18), criticou o que ele chamou de “epidemia de parlamentares arrependidos” de terem assinado uma CPI para investigar denúncias sobre a conduta de promotores e de juízes que eventualmente, no exercício de suas funções, tenham agido de forma ilegal. “A partir de um determinado momento esse grupo de deputados e deputadas se acovardaram diante, não sei se da pressão, não sei se do medo, e começaram, de forma patética, a responsabilizar a Deus e o mundo pelas suas assinaturas”, afirmou.
“Eu não li!”, “eu fui enganado!”, “eu li errado!”, “eu estava sem óculos!”, “eu estava apressado!”… Isso é patético. Os parlamentares, segundo Paulo Pimenta, deviam ter coragem de ir à tribuna e dizer que levou um “treme” e que está com medo, que me acovardei e quero tirar a assinatura. “Mas não fazer esse papelão! Não fazer esse papel ridículo de querer alegar que não sabiam o que estavam assinando, que foram ludibriados, até porque vários desses parlamentares até pouco tempo atrás ocupavam as tribunas para gritar ‘Quem não deve, não teme! Todos têm que ser investigados!’. Qual é o medo agora?”, provocou.
Paulo Pimenta reforçou que não houve enganação na coleta de assinaturas como esse grupo de cerca de 25 deputados alegam. “É um papel ridículo que eles estão fazendo. Por que essa covardia com a CPI das fake news? Ou dessa conduta ilegal e criminosa que pode atingir juízes e procuradores da Operação Lava Jato?”, insistiu. O pedido de CPI para investigar o comportamento do ex-juiz Sérgio Moro e dos procuradores que integram a força-tarefa da Lava Jato, no contexto dos diálogos revelados pelo site The Intercept Brasil, foi protocolado na última quinta-feira (12), com 175 assinaturas.
O líder do PT fez questão de pedir para que todos ficassem absolutamente tranquilos, “porque não há, de nossa parte, qualquer disposição de fazer aquilo que nós condenamos: investigação seletiva, manipulação de provas, perseguição de adversários políticos”. Pimenta destacou que estas práticas caracterizaram a conduta do ex-juiz Sérgio Moro, e do coordenador da Operação Lava Jato, procurador Deltan Dallagnol. “São práticas que nós refutamos e que, portanto, não estarão presentes em nenhum procedimento de investigação que nós possamos fazer parte”, enfatizou.
Conluio criminoso
Indignado, Pimenta questionou por qual razão o Parlamento brasileiro não deveria investigar este fato? “Um fato de enorme repercussão, com informações que dão conta de episódios que podem ter alterado o rumo da democracia brasileira”. Ele enfatizou que há suspeitas de um “conluio criminoso entre procuradores e juízes” que, entre outros objetivos, pretendiam o “enriquecimento ilícito”.
O líder do PT disse ainda que era importante lembrar que ontem (17) o Supremo Tribunal Federal (STF) homologou um acordo destinando os R$ 2,5 bilhões que Deltan Dallagnol e os procuradores queriam se apropriar para o resto da vida fazendo “palestras milionárias”. Segundo a decisão do STF esse dinheiro que iria para um Fundo bilionário que seria gerido pelos procuradores da Lava Jato retornou ao Orçamento da União.
CPI já!
Na avaliação do deputado Pimenta, essa “epidemia” que levou a uma postura “covarde e patética” de um grupo de parlamentares, não representa “a coragem, a valentia e a altivez deste Parlamento”. Ele disse que espera da presidência da Câmara o cumprimento do regimento, permitindo que a Casa faça esta investigação. “Esperamos que o presidente Rodrigo Maia instaure rapidamente esta CPI. Vamos fundo nesta apuração. E, de maneira tranquila e serena, possamos revelar ao povo brasileiro o subterrâneo de uma realidade escondida pela grande mídia e, com certeza, a democracia sairá fortalecida pelo papel e pelo trabalho desta Casa”.
Vânia Rodrigues