Conexão Curitiba. Esta foi a denominação usada pelo deputado Paulo Pimenta (PT-RS) para denunciar o conluio formado pelos principais responsáveis pela condução da Operação Lava Jato. Segundo o parlamentar, foi armada uma conexão constituída por delegados, juízes, promotores, desembargadores e ministros com objetivo de solapar a candidatura do ex-presidente Lula em 2018. A grave denúncia foi feita neste domingo, via redes sociais.
“É uma organização perigosa e a figura do presidente Lula é o alvo principal dessa organização. Esse consórcio se constituiu para tirar a Dilma do governo e impedir o Lula de ser presidente”, denunciou Pimenta.
Em transmissão ao vivo, que alcançou mais de 155 mil internautas numa noite de domingo, o petista esmiuçou como a Lava Jato foi constituída desde a primeira instância judicial até outras instâncias recursais. Estranhou o deputado o fato de em todas as instâncias recursais o processo da Lava Jato estar nas mãos de juiz, procurador, desembargador e ministros, todos de Curitiba.
Lembrou Pimenta que o desembargador do Tribunal Regional Federal da 4ª região, João Pedro Gebran Neto, responsável por julgar recursos de pessoas condenadas em primeira instância na Lava Jato, é natural de Curitiba, local onde se formou e fez carreira jurídica.
“Quem é Gebran? É de Curitiba, do círculo social de Moro. Ele fez a apresentação do livro do Sérgio Moro. Então, se eu não concordo com uma decisão, uma sentença do Moro, eu caio nas mãos do compadre do Moro, que é o relator da Lava Jato no TRF4”, criticou.
Observou ainda Pimenta que o relator da Lava Jato no Superior Tribunal de Justiça (STJ), o ministro Felix Fischer, nasceu na Alemanha, mas foi naturalizado brasileiro e passou a viver em Curitiba. Frisou que Fischer substituiu o então desembargador Alexandre Navarro que, em vários momentos, proferiu decisões contrárias às do Moro e de Gebran. “Tiraram o Navarro e colocaram uma pessoa da conexão Curitiba”, acusou.
“O que se percebe é que o juiz de primeira instância, o Moro; da segunda, o Gebran e o da terceira instância, Felix Fischer, são do mesmo grupo social, todos de Curitiba e representantes dos mesmos interesses”, afirmou Pimenta.
Segundo o deputado, nem o Supremo Tribunal Federal escapou da conexão Curitiba. Lembrou ele que o relator da Lava Jato no egrégio tribunal era o ministro Teori Zavascki. Com a sua morte, o substituto teria que ser alguém da turma à qual ele pertencia no STF. No entanto, o indicado foi o ministro Edson Fachin, formado em Direito pela Universidade Federal do Paraná .
“O Fachin era da primeira turma e o colegiado responsável pela análise da Lava Jato no STF era a segunda turma da Corte. Fachin foi então transferido da primeira para a segunda turma, e ‘coincidentemente’ foi ele o sorteado para ser o relator da Lava Jato”, relatou Pimenta a manobra que ocorreu dentro do próprio STF.
“Vocês acreditam em coincidência? Eu não acredito. Delegados, promotores, desembargadores, ministros do STJ e STF todos fazem do mesmo grupo social e de interesses. Isso é um escândalo. Isso é gravíssimo! Isso ofende o princípio do juiz natural”, alertou Paulo Pimenta.
O início – De acordo com o deputado, a Lava Jato iniciou com o propósito de investigar denúncias de irregularidades na Petrobras. No entanto, questiona o parlamentar, a sede da estatal localiza-se na cidade do Rio de janeiro e esta deveria ser a jurisdição da investigação do crime supostamente praticado.
“Porque razão o juiz da Lava Jato é o Sérgio Moro? Criou-se uma tese esdrúxula que, pelo fato de Alberto Youssef ser de Curitiba, isso justificaria o Sérgio Moro ser o juiz da operação. A partir daí se criou uma situação inaceitável: Moro passou a não mais investigar a Petrobras e passou a perseguir o Lula”, criticou.
Observou Pimenta que até o local onde o presidente Lula tinha guardado os presentes que recebeu no exercício do mandato foi objeto da perseguição do juiz de Curitiba. “O que isso tem a ver com a Petrobras? O que a JBS tem a ver com a Lava jato? O que o tríplex ou o sítio de Atibaia tem a ver com a Lava Jato? Não temos fatos que se vinculem”, reclamou Pimenta do assédio indisfarçado do juiz Moro que passou a incluir o presidente nos mais diferentes processos. “Isso já é uma excrecência. Já é uma ilegalidade”.
Benildes Rodrigues