Pimenta: “A Rede Globo virou o grande partido político da direita brasileira”

A poucos dias do segundo turno que definirá o futuro Presidente do Brasil, o site Contexto – portal de notícias da Argentina – conversou com o líder da Bancada do PT na Câmara, deputado Paulo Pimenta (RS), que assegurou que, “apesar de todo os ataques sujos”, Fernando Haddad (PT) chega “a poucos dias da eleição em condições de ganhar”. Ele afirmou que “estão em disputa dois projetos que representam o choque entre a civilização e a barbárie provocada pelo capitalismo selvagem”.

Paulo Pimenta falou ainda das expectativas e analisou o papel que tiveram na campanha os meios de comunicação hegemônicos, as fake News, a ingerência do governo estadunidense (EUA) e os modelos em disputa para o futuro do gigante sul americano.

No próximo domingo, 28 de outubro, acontecerá o segundo turno das eleições presidenciais no Brasil. A votação acontece nos marcos de um governo de fato, produto de um golpe parlamentar contra Dilma Rousseff, com o candidato que contava com o maior apoio popular, Luiz Inácio Lula da Silva, preso arbitrariamente e ilegalmente impedido de concorrer, e com toda direita perfilada atrás de um líder fascista.

 

Veja a seguir a íntegra da entrevista:

 

O que está em jogo nessa eleição, além da Presidência?

Estão em disputa no Brasil dois projetos políticos com objetivos e visões de mundo completamente opostos. Na dimensão socioeconômica, queremos promover direitos sociais e trabalhistas por meio de uma política econômica que valorize o trabalho, enquanto nosso adversário já disse com todas as letras que pretende seguir a política de Temer (governo ilegítimo de Michel Temer), baseada no ajuste neoliberal que derrotamos no final dos anos 90 e que agora tenta regressar a um novo ciclo na América Latina. Em uma perspectiva mais ampla, queremos integração com nossos países vizinhos e com os países em desenvolvimento. Queremos o fortalecimento do comércio e do intercâmbio cultural e social com o mundo inteiro e não só com os Estados Unidos, como defende nosso adversário. Mas, sobretudo, estão em disputa dois projetos que representam, como nunca antes, o choque entre a civilização e a barbárie provocada pelo capitalismo selvagem.

 

Por que Jair Bolsonaro se nega a debater com Fernando Haddad?

Porque ele não tem propostas, nem ideias, nem projetos. A única ideia que tem, como Fernando Haddad sempre ressalta, é armar a população para que as pessoas se matem entre si. O Brasil não merece um presidente como esse. Bolsonaro não consegue articular duas frases seguidas com alguma lógica e conteúdo que se possa aproveitar. Ele é um idiota raivoso em estado bruto, uma pessoa completamente tomada pelo ódio e pelo preconceito.

 

Qual função tem cumprido as notícias falsas difundidas pelo setor de Bolsonaro?

O que aconteceu no primeiro turno foi uma fraude. Dezenas de milhões de pessoas, certamente mais da metade dos eleitores do Bolsonaro, foram votar depois de ter formado sua opinião em base a mentiras abjetas. Se mais de cem milhões recebem diretamente em seu celular diariamente, por dois meses, quarenta, cinquenta, cem mentiras sobre um candidato, em algum momento muitas dessas pessoas vão acreditar que essas “notícias” são verdadeiras, e não só vão deixar de votar nesse candidato, como vão fazer campanha contra ele e, assim, aumentar o alcance dessa máquina de mentiras a favor do Bolsonaro. Sem dúvida alguma, a liberdade da escolha do eleitor foi violada por esse esquema criminoso que já foi utilizado em outros países, inclusive na Argentina, em 2015. Sabemos que a vitória de Maurício Macri se baseou também nas mentiras criadas por agências de comunicação.

 

A direita deu um golpe contra a presidenta Dilma Rousseff, condenou e prendeu sem provas e impugnou ilegalmente a candidatura do ex-presidente Lula, realizou uma campanha suja cheia de fake news contra Haddad. Frente a tudo isso, como o movimento popular pode se defender?

A direita pode enganar muita gente por muito tempo, mas não pode enganar todo um povo todo o tempo. Neste momento, as pessoas já se deram conta de que o afastamento da presidenta Dilma, além de ter sido fruto de um golpe, jogou em um abismo nossa economia e nossos indicadores sociais, como emprego e produção industrial. Muitos setores que tinham virado as costas para o PT nas eleições de 2016 voltaram a estar conosco agora, e isso vai fortalecer a mobilização social para os próximos anos.

 

Qual foi o papel da mídia, especificamente da Rede Globo, e qual foi o papel intervencionista dos Estados Unidos para que o Brasil chegasse à situação atual: um governo de fato, um líder fascista que chega em primeiro a um segundo turno, um líder popular e principal candidato do povo (Lula) preso injustamente?

A Rede Globo virou o grande partido político da direita brasileira. São os donos e executivos dos grandes meios de Comunicação que orientam e definem que tipo de ataque os políticos e demais agentes públicos – juízes, procuradores, policiais – devem perpetrar contra o PT e a esquerda em geral no Brasil. Isso ocorreu na Venezuela e sei que acontece também em boa medida na Argentina. E, obviamente, as diretrizes que esse bloco político adota são submissas à política definida pelo governo dos Estados Unidos. O importante é que chegamos a poucos dias da eleição em condições de vencer essa disputa, a pesar de todos os ataques sujos que fizeram contra o PT, contra Lula e contra todos aqueles que não aceitam a imposição do projeto neoliberal e rentista em nosso País.

 

 

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