Documento foi criado pelo então diretor-geral da Abin antes de ele ser indicado por Jair Bolsonaro para chefiar a PF; objetivo foi prejudicar investigações sobre as rachadinhas de Flávio Bolsonaro
A apreensão na última terça-feira (30) de um documento pela Polícia Federal expõe a vísceras de um esquema articulado pelo governo Bolsonaro para proteger seu filho e senador Flávio Bolsonaro das investigações de “rachadinha”. O dossiê secreto intitulado “Bom dia Presidente”, elaborado pelo então diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem, foi feito um mês antes dele ser indicado para comandar a Polícia Federal.
O documento procura subsídios para anular as apurações contra Flávio. E acusa, sem provas, ao menos três funcionários da Receita Federal de acessarem ilegalmente os dados fiscais do senador para envolvê-lo injustamente em um esquema de desvio de salários de assessores. As alegações foram desmentidas pela própria Receita, meses depois.
As investigações mostram que Ramagem atualizou o dossiê até março de 2021. No depoimento à PF no último dia 17, ele disse não se lembrar do documento e negou envolvimento em ilegalidades.
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Fiel a Bolsonaro
Alexandre Ramagem tem uma longa ficha corrida de serviços prestados ao clã Bolsonaro. Em 2018, chefiou a segurança da campanha de Jair. Durante o mandato do ex-presidente, comandou uma “Abin paralela”, por meio da qual monitorava procuradores que atuavam contra o governo. Em 2022, foi eleito deputado federal e é uma voz atuante em defesa das pautas retrógradas da extrema direita. E atualmente é o pré-candidato do PL à prefeitura do Rio de Janeiro.
Por sua lealdade, foi escolhido em 2020 para comandar a Polícia Federal. Entretanto, a nomeação foi bloqueada pelo ministro do STF Alexandre de Moraes, após Bolsonaro afirmar o desejo de usar a PF para obter informações privilegiadas. Se assumisse o cargo, comandaria as investigações da mais importante instituição federal de combate ao crime, podendo favorecer aliados e acobertar seus delitos.
Este episódio revela a tentativa de utilizar o poder público para obtenção de vantagens pessoais durante o governo Bolsonaro. O Partido dos Trabalhadores defende uma apuração ampla e irrestrita de uma atuação que vai contra os interesses do país. E a consequente punição de todos os culpados.
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Da Redação da Agência PT