A presidenta Dilma Rousseff criticou nesta sexta-feira (20) a impunidade e ausência de investigação de casos de corrupção durante o governo tucano de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002). Ela afirmou que se casos suspeitos de corrupção na Petrobras tivessem sido investigados durante o governo FHC/PSDB, já na década de 1990, o esquema descoberto pela operação Lava- Jato que envolve funcionários da estatal não ocorreria.
“Se em 1996 e 1997 tivessem investigado e tivessem naquele momento punido, nós não teríamos o caso desse funcionário que ficou quase 20 anos praticando atos de corrupção. A impunidade leva a água para o moinho da corrupção”, disse ela.
O ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco afirmou, em delação premiada, que começou a receber propina da SBM Offshore, uma fornecedora da petrolífera, em 1997, ainda durante o governo FHC. Barusco disse à PF que abriu uma conta na Suíça no final da década de 1990 para receber as remessas ilegais de dinheiro da SBM, que, segundo ele, totalizaram US$ 22 milhões até 2010.
Dilma disse também que os esquemas de corrupção agora são investigados. “Hoje nós demos um passo e para esse passo devemos olhar e valorizar. Não tem ‘engavetador da República’, não tem controle da Polícia Federal, nós não nomeamos pessoas políticas para os cargos da Polícia Federal. E isso significa que o Ministério Público e a Justiça e todos os órgãos do Judiciário que o que está havendo no Brasil é o processo de investigação como nunca foi feito antes.”
O líder do Governo na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE), avaliou que as declarações da presidenta Dilma respaldam a necessidade de que a CPI da Petrobras – a ser instalada na próxima semana na Casa – tenha, de fato, um caráter republicano, que permita aos membros da comissão investigar indistintamente quem cometeu qualquer tipo de irregularidade na estatal. “Vamos solicitar um aditamento da CPI para investigar tudo, conforme os depoimentos dos delatores. Do contrário, a CPI já nascerá desmoralizada. É preciso saber tudo, doa em quem doer”, explicou Guimarães.
Legalidade – Em entrevista após a cerimônia de entrega de credenciais de novos embaixadores no Brasil, Dilma Rousseff disse que “o governo fará tudo dentro da legalidade. Nós iremos tratar as empresas tentando, principalmente, considerar que é necessário criar emprego e gerar renda no Brasil”, disse.
“Isso não significa, de maneira alguma ser conivente, ou apoiar ou impedir qualquer investigação ou qualquer punição a quem quer que seja, doa a quem doer”, acrescentou a presidente.
A presidente citou especificamente a Petrobras, que está no centro de denúncias de corrupção envolvendo funcionários, empreiteiras e políticos. Para Dilma, a empresa não pode ser tratada como se tivesse cometido irregularidades, que foram praticadas por funcionários seus. “Os donos das empresas ou os acionistas das empresas serão investigados, porque a empresa não é ente que esteja desvinculado de ser acionistas”, disse.
“Eu não vou, por exemplo, tratar a Petrobras como a Petrobras tendo praticado malfeitos, quem praticou malfeitos foram funcionários da Petrobras que vão ter de pagar por isso. Quem praticou malfeitos, quem participou de atos de corrupção vai ter que responder por eles. Essa é a regra no Brasil”.
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Equipe PT na Câmara, com agências