Em discurso na tribuna da Câmara, nesta quarta-feira (9), os deputados, Pepe Vargas (PT-RS) e Henrique Fontana (PT-RS) condenaram o uso de “dois pesos e duas medidas” adotados por setores do judiciário, mídia e oposição em relação a temas que envolvam personagens do PT e do PSDB.
“Se não me engano, por quatro vezes, delatores citaram o Aécio Neves em suas delações mas, quando citado, ele é tido como um cidadão acima de qualquer suspeita. Até o presente momento nenhuma investigação foi aberta em relação a ele”, criticou Pepe Vargas, usando como exemplo caso emblemático das delações premiadas, no âmbito da Operação Lava, envolvendo o nome do senador e presidente do PSDB, Aécio Neves.
Pepe Vargas criticou ainda que ao tratar do ex-presidente Lula os acusadores colocam em xeque as palestras ministradas e as empresas que doaram recursos ao Instituto Lula. Por outro lado, frisou, o Instituto Fernando Henrique Cardoso – que também recebe doação de empresas, inclusive de empresas investigadas no âmbito da Lava-Jato, os investigadores não veem irregularidade.
“Não, com o dinheiro do IFHC não há problema. Agora, quando o recurso é doado para o Instituto Lula, aí há problema. Quer dizer, são dois pesos e duas medidas”, denunciou. “Nenhum cidadão está acima da lei, todos têm que cumprir as leis. Agora, a lei também tem que ser aplicada a todos”, completou.
Em seu pronunciamento, o deputado Henrique Fontana chamou a atenção para como se deu, no final do governo de FHC, a criação do Instituto que carrega o nome dele. “Há, neste momento, no País, uma regra que a oposição tem incentivado: a de dois pesos e duas medidas”, reclamou.
“Quando Fernando Henrique estava encerrando seu mandato, ele fez um jantar no Palácio da Alvorada (isso está recapitulado em matéria da Revista Época) . Ele solicitou contribuições para empresários que somaram R$ 7 milhões, para fundar um instituto. Essas contribuições foram e são consideradas legais”, revelou Fontana.
No entanto, avaliou o petista, as doações para o PT ou para o instituto do ex-presidente Lula os opositores veem ilegalidade no procedimento. “Quando algum empresário doa recursos para o Instituto Lula, é propina, é ilegal. Quando as mesmas empreiteiras contribuem para a campanha de Aécio Neves, é uma contribuição legal, é uma contribuição que tem a ver com o financiamento eleitoral legal”, ironizou Fontana.
Benildes Rodrigues
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