Parlamentares da Bancada do PT na Câmara ocuparam a Tribuna nesta segunda-feira (18) para repudiar a rota golpista iniciada neste domingo, no plenário. Os deputados petistas também parabenizaram os milhões de brasileiros – representantes dos movimentos sociais, trabalhadores, estudantes, artistas, intelectuais, juristas – que foram às ruas dizer que não aceitam golpe e defender o mandato da presidenta Dilma, mobilizados pela democracia.
Para o deputado Assis Carvalho (PT-PI) o mundo inteiro está assustado com a sanha golpista. “São os grandes jornais do mundo que hoje denunciam que ontem foi um dia triste, um dia em que feriram a nossa democracia e iniciaram a entrega do nosso País aos golpistas. Foi o dia em que, sob o comando de um réu, golpearam uma presidenta honesta, que não cometeu nenhum crime, e rasgaram a Constituição brasileira. O réu é o presidente (da Câmara) Eduardo Cunha, denunciado pelo STF por corrupção. Os golpistas – covardes, hipócritas, corruptos – são aqueles que não têm a maioria do voto popular, não têm compromisso com o desenvolvimento do Brasil e com a inclusão social do povo brasileiro”, disse.
Os golpistas, enfatizou Assis Carvalho, “votaram pelas famílias deles, pelo fim dos programas sociais, por uma vingança pessoal contra o PT, contra Lula, contra Dilma. Eles debocharam da cara dos brasileiros e brasileiras, homenagearam torturadores e corruptos. Vieram com o ranço da casa grande, com o cheiro fétido dos porões da ditadura. Enrolados na bandeira nacional, quiseram fazer crer que confiscaram nossas cores verde e amarelo, nosso Hino Nacional, que são símbolos do nosso País e não de uma parcela só da sociedade”.
E, ainda, enfatizou, “os golpistas falaram que querem combater a corrupção. Mas são coniventes com Eduardo Cunha. Sabem das manobras dele. E nada fazem. Os golpistas clamaram por Deus para cometer a injustiça. Que coisa mais óbvia e mais repetitiva é usar o nome de Deus em vão. Muitas atrocidades já foram e continuam sendo cometidas todos os dias em nome de Deus. Aliás, quando crucificaram e mataram Jesus Cristo e o colocaram entre dois ladrões, disseram exatamente que estavam defendendo Deus — pessoas que usavam a bíblia, fariseus com a bíblia debaixo do braço. Então, não é a primeira vez que eles crucificam e tentam assassinar ou assassinam os justos. Há muita gente que repete isso há séculos”, afirmou o parlamentar do PT.
Assis Carvalho alertou para as consequências da criminalização da política. “A criminalização de partidos políticos, sindicatos, movimentos sociais foi o que conseguiram. Conseguiram também contaminar, com seu ódio, milhões de brasileiros e brasileiras, oficializando a intolerância, situação que vemos no Oriente Médio e em outros lugares do mundo, mas agora eles estão importando o ódio para que não possamos viver em paz com os nossos irmãos, porque pensamos diferente. Agora, é esperado o reforço da temporada de caça petistas, comunistas e a perseguição a todos os que não se curvaram diante deles, a todos os que se recusaram a ser cúmplices desse golpe, desse crime, desse absurdo”, disse.
Hipocrisia – Para a deputada Moema Gramacho (PT-BA) a hipocrisia dos deputados revelada no domingo durante a votação do processo na Câmara está cada vez mais sendo revelada. “A deputada Raquel Muniz (PSD-MG) que pedia para retirar a Presidente Dilma, falava quase que incorporada em Janaína, a Louca, de corrupção, contra a corrupção, e hoje o seu marido está estampado nos jornais sendo preso por corrupção, o Rui Muniz. Está mais uma vez confirmada a hipocrisia que reinou neste plenário ontem: uma mulher honesta, a presidenta Dilma, sendo julgada por corruptos”.
O deputado Luiz Couto (PT-PB) afirmou que a aprovação do processo do golpe deixou clara a criação de uma nova legenda. “O Partido da Corja de Cunha (PCC) e que, agora, quem quisesse resolver problemas da Lava-Jato, poderia falar com o PCC; quem quisesse aprender a tramar golpes e complôs, que falasse com o PCC; quem tivesse qualquer problema, o PCC resolveria. Então, nesse sentido, nós consideramos que o golpe foi tramado há muito tempo, ou seja, pelo Temer, conspirador-mor juntamente com o Eduardo Cunha, réu por corrupção.
Para o deputado João Daniel (PT-SE) “o que se viu foi um golpe contra a democracia, planejada pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), que tem como interesse real retirar direitos e forçar os trabalhadores a mais trabalho com menor salário”.
O deputado Pedro Uczai (PT-SC) também destacou o verdadeiro interesse dos golpistas. “A elite brasileira quer consumar com o golpe a destruição dos programas e dos direitos sociais. Essa é a síntese do golpe. Por isso, quem abraçou o Temer e o Cunha abraçou o golpe e a corrupção”, disse.
A luta continua – O deputado Assis Carvalho reiterou ainda que a luta não terminou. “Os brasileiros foram às ruas dizer não ao golpe. As elites podem até ganhar no tapetão. Mas não ganham na rua. E continuarão perdendo porque o povo brasileiro não quer mais retrocessos históricos. Estamos vivos. E a democracia está viva dentro de nós! É por isso que eu estou convencido de que nós vamos vencer. A democracia haverá de vencer!”, disse.
Gizele Benitz
Foto: Gustavo Bezerra/PT na Câmara
Mais fotos no www.flickr.com/ptnacamara