Parlamentares do PT reforçaram nesta terça-feira as críticas ao promotor José Carlos Blat, do Ministério Público de São Paulo. Ele acusa o secretário Nacional de Finanças do partido, João Vaccari Neto, de suposto desvio de dinheiro da Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo (Bancoop). Para o deputado Ricardo Berzoini (PT-SP), que já foi dirigente da Bancoop, trata-se de uma “operação política”.
“Baseado em informações absolutamente inconsistentes, esse promotor tenta pela segunda vez interferir na vida política do país. Em 2008, assacou as mesmas denúncias contra minha pessoa. Não podemos aceitar, em hipótese alguma, esse tipo de operação política”, afirmou.
Berzoini disse que o PT e a Bancoop não têm nada a esconder. “Podem investigar com profundidade, com seriedade. O que nós temos contra é usar a condição de promotor para passar a ideia de que o Ministério Público investiga e acusa a entidade. Primeiro, o promotor tem que acusar no processo: tem que levar à Justiça sua denúncia para que ela acate ou não. Em segundo lugar, é fundamental que nós tenhamos sempre o direito à defesa”, disse.
Para o deputado, “o mais novo festival de denúncias é promovido pelo PIG (Partido da Imprensa Golpista)“. “Isso lembra um pouco o tempo do Ibad (Instituto Brasileiro de Ação Democrática), que foi um grande articulador do golpe de 1964, chamado incorretamente de golpe militar. Todos sabem que foi um golpe civil que depois foi, progressivamente, militarizado”, lembrou.
Ricardo Berzoini destacou que a revista Veja, responsável pela publicação da “denúncia”, não tenha procurado os dirigentes da cooperativa. “A revista não praticou o bom jornalismo ao fazer esses ataques inconsistentes, requentados. Temos o maior interesse que essa investigação prossiga. Temos o maior interesse em prestar todos os esclarecimentos”, afirmou.
Editorial – O deputado Nilson Mourão (PT-AC) rebateu o editorial publicado nesta terça-feira pelo jornal O Estado de S. Paulo. “O editorial é absolutamente sem sentido, agressivo e insustentável. Um jornal que publica uma opinião dessa natureza está se comportando como um partido político. Que os dirigentes do Estadão fundem um partido, organizem-se e vamos para a disputa. Aquilo é algo fora de qualquer limite de diálogo e de civilização”, afirmou.
Para o deputado José Guimarães (PT-CE), “parte da mídia quer influir no processo eleitoral”. “O que está em jogo é o caráter que parte da mídia quer dar a essa disputa eleitoral, tentando criminalizar o PT e, mais do que isso, colocar a candidatura da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff (pré-candidata petista à Presidência da República), em uma disputa que não é aquela que interessa”, disse.
Contradição – Segundo o advogado da Bancoop, Pedro de Abreu Dallari, a atuação do promotor José Carlos Blat é contraditória e tem motivação política. “É contraditório que, ao mesmo tempo, o promotor se mostre tão certo das coisas e jamais tenha tomado nenhuma medida. Quando o promotor tem certeza do delito, ele move uma ação criminal. Se ele está convicto, teria de mover uma ação. Mas nunca moveu”, disse.
Para Dallari, Blat age de forma irresponsável e faz uso político do Ministério Público. “Isso mostra irresponsabilidade. É realmente algo muito errado fazer acusação sem propor ação. Não dá nem o direito de a outra parte se defender, porque não sabe do que está sendo acusado, não tem processo”, analisa. Dallari considerou antiética e de má-fé a reportagem da revista Veja.
O líder do governo na Câmara, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), desafiou o promotor José Carlos Blat a provar que João Vaccari Neto sacou recursos em dinheiro da Bancoop. “Se tiver R$ 30 milhões ou R$ 100 milhões de saque na boca do caixa, renuncio ao meu mandato. Se não tiver, ele renuncia ao cargo dele no Ministério Público. Essa é uma denúncia vazia”, disse.
Equipe Informes, com Portal do PT