Os deputados da bancada do PT, Wadih Damous (RJ) e Paulo Pimenta (RS), membros da CPMI que investiga operações entre o BNDES e a empresa JBS, voltaram a cobrar, nesta quarta-feira (20), durante reunião da comissão, que o colegiado atue com rigor na investigação sobre os critérios adotados pelo Ministério Público Federal (MPF) em relação às delações premiadas.
“Qualquer instituto – por melhor que seja a investigação – não está isento de ser melhor examinado”, avaliou Wadih Damous. “Acho que as delações são poderosos instrumentos que desvendam a verdade em relação a determinados ilícitos, mas elas também têm se prestado a abusos e desvios de finalidades”, observou Wadih Damous.
Ele se referiu aos fatos recentes que revelam o favorecimento do então procurador da República Marcelo Miller ao grupo J&F, quando ainda atuava como braço direito do procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
“Nós temos aqui um dos nomes que será trazido para prestar depoimento, que é o doutor Marcelo Miller, que foi o segundo nome da Procuradoria-Geral da República. Que história é essa que queremos constranger a PGR, os procuradores? Eles devem ser chamados sim para explicar como procedem”, defendeu o deputado.
Wadih Damous disse que ninguém deve ser considerado “vaca sagrada”. Para ele, seja lá quem for, juiz, procurador da república ou delegado, “seus atos, procedimentos ou atitudes devem estar sob permanente escrutínio da sociedade brasileira”.
O deputado Paulo Pimenta afirmou que não tem disposição de participar de CPI cujo objetivo é evitar qualquer tipo de investigação de corrupção, de irregularidades onde quer que esses desvios tenham sido cometidos. “O Brasil está perplexo. As gravações mostram, de maneira inequívoca, que há um sistema que lamentavelmente envolve políticos, empresários, e, tudo indica, também, que há operadores do direito que se utilizavam desse instrumento de maneira indevida”, criticou.
Avaliou Pimenta que há um sistema seletivo que escolhe alvos e protege outros, seja para ganhar dinheiro ou mesmo para estabelecer uma relação quase de cumplicidade. “O que veio a público dessa conexão, é muito grave”, observou Pimenta.
Plano de Trabalho – A CPMI aprovou o plano de trabalho do relator deputado Carlos Marun (PMDB-RS) que prevê convites e convocações de integrantes e ex-integrantes do Ministério Público Federal.
Benildes Rodrigues