Artimanhas e manobras foram as marcas que a base do governo ilegítimo de Michel Temer cunhou, mais uma vez, na imagem do parlamento brasileiro, nesta quarta-feira (19), ao recolocar em votação o requerimento de urgência para votação da proposta da Reforma Trabalhista (6787/16), derrotada na noite anterior. A manobra dos golpistas, tendo à frente o presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RS), foi duramente criticada por parlamentares da bancada do PT, na tribuna da Câmara.
“É uma vergonha para este Congresso, para este Parlamento, o desrespeito àquilo que foi decidido no dia anterior e, ontem, vem outra votação daquela situação. Eu vou agora obstruir, a todo o momento, em cada comissão em que eu estiver. E vou obstruir também nesta Casa. Não dá para aceitarmos isso sem reação”, desabafou o deputado Luiz Couto (PT-PB).
Ainda, criticou Luiz Couto a forma como o presidente da Casa conduz os trabalhos. “O nosso presidente parece mais um Líder do Governo do que Presidente da Câmara dos Deputados”, alfinetou.
Para o deputado Jorge Solla (PT-BA), o presidente da Casa incorporou o modus operandi do deputado cassado e preso, Eduardo Cunha (PMDB) que rasgou o Regimento Interno da Câmara para fazer valer os próprios interesses. “Ontem, baixou no presidente Rodrigo Maia o espírito de Eduardo Cunha. Mesmo da cadeia, ele continua mandando no Governo. Agora, também adota sua metodologia — quando perde, vota de novo a matéria, até que consiga aprová-la”, denunciou o petista.
Solla comparou o que ocorreu no plenário da Câmara na noite do dia 19 a um assalto. “Eles parecem aqueles assaltantes que entram de madrugada nas casas e têm que correr para roubar o máximo possível, rapidamente, antes que a polícia chegue. É porque sabem que o tempo deles é curto para destruir o Brasil, o tempo deles é curto para é achatar o valor da mão-de-obra do trabalhador brasileiro”, condenou.
Ao se pronunciar, a deputada Benedita da Silva (PT-RJ) chamou a atenção para o desrespeito com o Regimento da Casa. “Eu não pensava em assistir ao que assistimos ontem. O Regimento foi atropelado — uma falta de respeito —e uma matéria que já tinha sido votada e derrotada voltou à Mesa e teve o apoiamento necessário para descumprir o Regimento Interno e, ainda, lesar o trabalhador brasileiro”, alertou.
Benildes Rodrigues
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