Petistas lamentam decisão de Celso de Mello que libera manifestação pelo fechamento do Congresso e do STF

(Matéria atualizada às 15h44 em 8/05/2020) O líder do PT na Câmara, deputado Enio Verri (PR), e o deputado Rogério Correia (PT-MG) lamentaram a decisão do ministro Celso de Mello, decano do Supremo Tribunal Federal, que permite a realização de uma manifestação, nesta sexta-feira (8) na Esplanada dos Ministérios, favorável ao fechamento do Congresso Nacional e do próprio STF. Na quinta-feira (7), Verri  protocolou  no STF notícia-crime – denúncia de fato criminoso à autoridade – na qual solicitou que sejam investigadas as atividades de militantes de extrema direita de um grupo autodenominado  “300 do Brasil” e pediu também que fosse barrado ato pró-ditadura programado por eles em Brasília a partir desta sexta-feira.

Verri lamentou que, mesmo diante de tantas evidências de ataques ao Estado Democrático de Direito, o ministro Celso de Mello tenha liberado a manifestação. “Com todo respeito ao decano Celso de Mello, eu acho que (essa decisão) é um equívoco. Afinal de contas, o que estamos questionando não é o direito da população organizar-se em atos e manifestações, embora tenhamos o problema do coronavírus. O que estamos questionando é esse tipo de manifestação confessadamente antidemocrática”, afirmou o líder do PT. Na avaliação do líder essa manifestação é abertamente contra democracia, contra a República brasileira e contra os Poderes. “Por isso é inconstitucional, ilegal e não podemos admitir que isso ocorra. Por isso eu sinto muito pela decisão do ministro”, completou Enio Verri.

Um dos direitistas, trajado com uniforme militar, criador do grupo “Soldados do Brasil, Voluntários da Pátria”, conhecido como Paulo Felipe ou “Comandante Paulo”, defendeu em um vídeo que circula pela internet a invasão ao Congresso e ao STF, durante a manifestação prevista para hoje. Ele ainda diz que o ato contaria com apoio de militares da reserva.

Em um dos trechos do vídeo postado por Paulo Felipe, ele afirma que um comboio organizado chegaria em Brasília nesta sexta-feira (8). “Pelo menos com 300 caminhões, muitos militares da reserva, muitos civis, homens e mulheres, talvez até crianças, para virem para cá, para Brasília, para nós darmos cabo dessa patifaria que está estabelecida no nosso País há 35 anos, por aquela casa maldita ali: Supremo Tribunal Federal, com 11 gângster, que têm destruído a nossa nação. São aliados com o Foro de São Paulo e o narcotráfico internacional”, diz Paulo Felipe no vídeo publicado no Facebook.

“Brincando com o fascismo”

Já o deputado Rogério Correia disse que ao não impedir essa manifestação o STF “está brincando com o fascismo”. “O STF não pode lavar as mãos, como fez Pôncio Pilatos. Não se deve brincar com o fascismo. E o que esse movimento significa é exatamente isto. Portanto, manifestações autoritárias que pedem fechamento do Congresso e do STF, são contra a democracia e não devem ser aceitos pela sociedade. O Supremo devia ter cuidado com isso”, advertiu.

Bolsonaro e as manifestações antidemocráticas

Rogério Correia ainda defendeu que a Suprema Corte investigue a relação do presidente Jair Bolsonaro com grupos que nos últimos meses vem realizando manifestações antidemocráticas. “É preciso que o STF passe a investigar, conforme pedido de minha iniciativa acompanhado de muitos deputados da Bancada do PT, a relação do presidente Bolsonaro com os movimentos antidemocráticos, a exemplo desse movimento paramilitar fascista 300 do Brasil”, afirmou.

O grupo denominado “300 do Brasil” está acampando nas imediações da Esplanada dos Ministérios, desde o último domingo (3), quando ajudou a organizar outra manifestação em Brasília em defesa do governo Bolsonaro e pedindo o fechamento do Congresso e do STF. Segundo informações divulgadas pela imprensa, um dos organizadores do acampamento é assessor da deputada Bia Kicis (PSL-DF), aliada próxima de Bolsonaro.

 

Héber Carvalho

 

 

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