Parlamentares da Bancada do PT na Câmara saudaram, em plenário, as trabalhadoras rurais de todo País que realizaram na manhã desta quarta-feira (14) a Marcha das Margaridas, em Brasília. O deputado Padre João (PT-MG) explicou que as mulheres vêm de todo canto do Brasil clamar por políticas públicas importantes, como a estruturação do Incra, a reforma agrária, a agricultura familiar. “É preciso retomar o Programa de Aquisição de Alimentos, o Minha Casa, Minha Vida, inúmeros programas que garantiram dignidade para as mulheres, para a juventude do campo. Estes programas estão quase paralisados, com orçamentos pífios. A assistência técnica é estratégica para dar perspectiva para a nossa juventude”, defendeu.
Na avaliação do deputado Padre João, é muito importante este grito das Margaridas. “Salve as margaridas, as mulheres guerreiras, as sindicalizadas! Que sabem a importância dos sindicatos que esse governo quer esvaziar, mas não vai conseguir”. O deputado destacou ainda o valor fundamental da educação do campo e defendeu o apoio às políticas de redução do agrotóxico e às políticas de produção da agroecologia e da produção orgânica, “para que o alimento que chega à mesa dos brasileiros garanta também saúde e vida para o nosso povo”.
O deputado Frei Anastácio Ribeiro (PT-PB), ao saudar a Marcha das Margaridas, relembrou a heroína Margarida Maria Alves, que dá o nome à marcha, é paraibana, presidiu o sindicato de Alagoa Grande; uma região que, segundo ele, há 36 anos, era dominada pelo latifúndio, pelo canavial, cujo povo vivia na escravidão. Após a morte de Margarida, na luta por dignidade para com os trabalhadores canavieiros, aqueles latifúndios foram desapropriados e hoje se encontram lá 13 assentamentos da Reforma Agrária.
“Isso é fruto da luta de Margarida como líder sindical. Ela foi uma lutadora no dia a dia junto aos canavieiros, aqueles que ainda tinham um pedacinho de terra no município de Alagoa Grande. Ou seja, Margarida é um símbolo. Todo o dia 13 de agosto, comemora-se a festa do martírio de Margarida Maria Alves, que deu a vida pelos trabalhadores”, explicou. Frei Anastácio ainda citou a frase de Margarida Alves, que ficou imortalizada: “Prefiro morrer na luta a morrer de fome”. O deputado conclui afirmando que foi isso que Margarida Alves fez, “deixando os trabalhadores de Alagoa Grande assentados, produzindo, criando e vivendo com dignidade”.
O deputado Marcon (PT-RS) citou que a Marcha das Margaridas contou com a participação de 100 mil mulheres em Brasília. “E a pauta é a mesma de 36 anos atrás, quando a líder Margarida Alves foi morta, executada, no estado da Paraíba”, lamentou. O deputado completou citando que a luta é pelo direito das mulheres à aposentadoria e ao auxílio-maternidade; por política agrícola para permanecerem na roça; por saúde pública; pelo fim da violência e pelo fim da discriminação da mulher.
“E o governo federal precisa, no mínimo, ter respeito pelas mulheres brasileiras. Parar de humilhar aquelas que trabalham neste País, seja na roça, seja na cidade, as nossas trabalhadoras, as agricultoras, as mulheres da reforma agrária, as pescadoras, as quilombolas, as indígenas, as ribeirinhas, enfim, todas elas que mostraram que este País tem jeito”, afirmou.
Carta do Lula
Além de saudar as Margaridas, João Daniel (PT-SE) parabenizou as dirigentes da Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadoras na Agricultura), das federações, dos Sindicatos de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais. “Essas margaridas vieram a Brasília com determinação e muita firmeza nessa luta em defesa dos direitos da classe trabalhadora, em especial, das mulheres agricultoras rurais”.
João Daniel destacou a emoção que foi a leitura da carta do ex-presidente Lula, lida por Fernando Haddad, dirigida às Margaridas. “Eu vi a emoção de milhares de mulheres do Brasil inteiro ao receber a carta e o abraço enviado pelo maior líder popular da história do Brasil, do nosso maior presidente da República, que sempre está presente. A voz das mulheres, na Marcha das Margaridas, é a voz do presidente Lula. A voz de cada parlamentar que aqui não se dobra para o sistema é a voz do presidente Lula, no combate às injustiças, na luta pela democracia, no respeito à Constituição e na defesa do Brasil”, frisou.
João Daniel, da tribuna, ainda fez um apelo para o Senado Federal: Pedimos que seja aprovado o projeto de autoria da deputada Maria do Rosário (PT-RS), para inscrever o nome da nossa querida sindicalista Margarida Alves como heroína nacional, no Panteão da Pátria e da Liberdade”.
Vânia Rodrigues
Foto: Lula Marques.