Em discurso na tribuna da Câmara, o deputado Fernando Ferro (PT-PE) criticou ontem a oposição por atribuir ao governo federal a responsabilidade pelo blecaute elétrico da terça-feira (4), ocasionado por uma falha numa linha de transmissão da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), empresa comandada pelo governo mineiro do PSDB.
“Eu não quero chamar de má-fé ou desonestidade de alguns discursos da oposição quando acusam o governo pela falha do sistema elétrico. Mas é curioso: sabem a origem, onde tiveram início os dois últimos blecautes que aconteceram no Brasil? Em linhas da Cemig, que é administrada pelo PSDB. A linha Colinas-Serra da Mesa e a subestação de Colinas são da gestão da Cemig”, lembrou Ferro.
“Eu não iria chegar ao absurdo de creditar sabotagem dessa empresa, porque sei que não foi. Mas lamento a desinformação e a má assessoria da oposição, que quer creditar ao governo federal a falha no sistema elétrico”, continuou o petista.
O parlamentar, que é engenheiro elétrico de formação, considera que “falhas acontecem em todos os sistemas elétricos e blecautes acontecem em todos os sistemas elétricos”, mas avalia que não é “honesto” culpar o governo federal por um problema que teve origem na estatal mineira, que deve ser questionada, segundo ele. “Vamos pedir explicações: por que tantas falhas acontecendo nas instalações da Cemig?”, propôs Ferro.
Na própria terça-feira, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) emitiu nota esclarecendo as origens da falha que causaram o blecaute.
Apagão e racionamento – Também na tribuna da Câmara, o deputado Jesus Rodrigues (PT-PI)além de criticar a ação oportunista da oposição, pontuou as diferenças entre o “apagão” de 2001 e eventuais blecautes que ocorrem no sistema. “A oposição muitas vezes confunde a opinião pública. Fazia isso quanto à questão da privatização, confundindo com concessão, e agora faz uma confusão entre o que é apagão ou blecaute e racionamento”, disse Jesus.
O deputado explica que o apagão ocorre “por uma falha técnica no sistema, um curto-circuito, até um raio que cai numa torre pode interromper o fornecimento de energia”. Sobre isso, diz Jesus, o sistema energético não tem controle. “Os apagões sempre existirão. Não adianta colocar que apagão é racionamento. E vem aqui a oposição, muitas vezes, tratar essa questão do apagão, porque diz que falta planejamento.
“O governo tucano [1995-2002] fez um planejamento na questão energética? Sim, não podemos negar. Fez um planejamento de como ia aplicar o racionamento. Não foi um planejamento para gerar energia, a fim de atender às pessoas, mas um planejamento de como se faria o racionamento. E nós passamos meses e meses sendo obrigados a dormir sob o calor”, lembrou o deputado piauiense.
“A economia de energia é uma coisa necessária e vital, mas estamos longe de termos risco de racionamento”, concluiu Jesus Rodrigues.
Confira a nota do ONS divulgada na terça-feira:
http://www.ons.org.br/download/sala_imprensa/notacomplementaraimprensa–04022014.pdf
Rogério Tomaz Jr.