Parlamentares petistas cobraram, nesta terça-feira (11), um julgamento correto do “mensalão tucano”, esquema de desvio de recursos de empresas estatais do governo de Minas Gerais, em 1998, em favor da campanha do então governador e candidato à reeleição, Eduardo Azeredo, hoje deputado federal pelo PSDB mineiro.
A partir das alegações finais encaminhadas na última sexta-feira (7) ao Supremo Tribunal Federal (STF) pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, integrantes da bancada petista na Câmara manifestaram o desejo de que a Corte Suprema julgue o caso adequadamente e apontaram diferenças em relação à Ação Penal 470, que condenou ex-dirigentes do PT.
Para o deputado Ricardo Berzoini (PT-SP), o episódio é conhecido há bastante tempo e existe uma “grande quantidade de provas documentais e evidências bastante fortes” comprovando o uso de recursos de estatais mineiras para financiar a reeleição do candidato tucano. “A argumentação do procurador-geral nas alegações finais do processo está diretamente vinculada às provas, e não a meras ilações, como ocorreu no caso da Ação Penal 470, onde não havia provas de desvio de recursos públicos e foi ignorada, inclusive, uma auditoria do Banco do Brasil que desmontava a tese do relator do processo [ministro Joaquim Barbosa]”, disse Berzoini.
A deputada Iriny Lopes (PT-ES) destacou a contundência do documento da PGR que sintetiza o caso e também chamou a atenção para a discrepância com o processo envolvendo o PT. “O procurador-geral foi muito enfático ao indicar a concretude e a gravidade das provas acumuladas durante a investigação. Espero, portanto, que o STF observe o que diz a lei, ao contrário da Ação Penal 470, que gerou a condenação de inúmeros petistas unicamente a partir de indícios e de uma teoria questionável como a do domínio do fato”, afirmou Iriny.
Mídia – Berzoini também criticou o tratamento midiático do processo envolvendo os tucanos. “Está evidente que a cobertura da mídia é diferenciada, que não pode ignorar, mas trata este caso com uma postura totalmente fria, com edições bastante cuidadosas, postura que a maioria dos veículos não teve no caso da Ação Penal 470, quando atuaram como advogado de acusação”, lembrou o parlamentar.
O relator da Ação Penal 536 no STF, que tem Eduardo Azeredo como principal réu, é o ministro Luís Roberto Barroso. Ainda não há previsão de data para o processo entrar na pauta do tribunal.
Rogério Tomaz Jr.