Parlamentares do PT afirmaram nesta quinta-feira (2), que o crescimento assustador do desemprego no Brasil não pode ser atribuído somente aos efeitos da pandemia da Covid-19. Segundo eles, a política recessiva do governo Bolsonaro e a falta de um projeto de desenvolvimento econômico e de geração de emprego já haviam jogado o País em uma recessão antes mesmo da chegada da Covid-19 no País, agravando a crise. Segundo dados da PNAD Contínua (Pesquisa Nacional de Amostragem por Domicílio), divulgado na última terça-feira (30) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), pela primeira vez na história mais da metade da população apta a trabalhar está desempregada no Brasil.
Para o líder do PT, deputado Enio Verri (PR), a pandemia teve uma influência relativa no agravamento da crise econômica e no consequente aumento do desemprego. Porém, ele lembrou que antes mesmo do início da pandemia no Brasil, o país já havia entrado em recessão.
“É importante ressaltar que dados da Fundação Getúlio Vargas já indicavam que entramos em recessão no primeiro trimestre de 2020. É claro que nesses últimos meses o resultado ruim foi agravado pela pandemia, mas no primeiro trimestre do ano (janeiro, fevereiro e março) não sentíamos os efeitos da pandemia e já enfrentávamos um cenário ruim por conta da política recessiva de Paulo Guedes e Bolsonaro, implementada ao longo do ano passado. Então, é certo dizermos que a pandemia não é a responsável pela crise, ela apenas aprofundou um cenário econômico de recessão que já existia”, explicou Verri.
Segundo dados do Comitê de Datação de Ciclos Econômicos (Codace), da Fundação Getúlio Vargas (FGV), divulgados na última segunda-feira (29), o País entrou em recessão econômica no primeiro trimestre de 2020, com um pico no ciclo de negócios brasileiros no quarto trimestre de 2019. O comitê realiza esse estudo desde 2004, quando foi criado pela Fundação Getúlio Vargas.
Segundo o líder da Minoria no Congresso, deputado Carlos Zarattini (PT-SP), os efeitos da pandemia apenas agravaram uma crise no mercado de trabalho que já existia por conta da falta de uma política de desenvolvimento econômico e de geração de emprego e renda, sequer cogitado pelo governo Bolsonaro.
“Os números refletem o crescimento do desemprego por conta da pandemia, mas é preciso deixar claro que a economia brasileira já vinha desacelerando desde o final do ano passado, quando ainda não sofríamos com isso. Aliás, o desemprego já havia crescido com Michel Temer, que deixou mais de 12 milhões de desempregados, e essa realidade não mudou porque o atual governo nunca teve uma política de desenvolvimento econômico e de geração de emprego e renda para reverter esse cenário”, ressaltou o parlamentar.
Para o deputado Zé Carlos (PT-MA), o País vive a maior crise de desemprego de sua história, agravada mais ainda pela pandemia. Segundo o parlamentar, a crise é fruto basicamente de ações “desse desgoverno de Bolsonaro, que governa somente para os mais ricos, que mente para o povo quando diz que a Reforma da Previdência iria gerar mais empregos, aonde seu foco principal era e é precarização do trabalho”. De acordo com o parlamentar, a política econômica desse governo não se preocupa com os pobres, mas é voltada para fortalecer os bancos e as grande empresas”, destacou.
Mercado de trabalho
Segundo dados da PNAD, os efeitos da pandemia entre março e maio demonstram que houve saída recorde do mercado de trabalho entre março e maio até mesmo entre trabalhadores informais. A pesquisa aponta que o percentual de ocupação chegou a 49,5%, representando a saída de 7,8 milhões de pessoas dessa categoria – uma queda de 8,3% em comparação com o trimestre de dezembro a fevereiro. Segundo o próprio IBGE, essa é a primeira vez na série histórica da pesquisa, iniciada em 2012, que o nível de ocupação fica abaixo dos 50%.
A taxa de desocupação passou de 11,6%, no trimestre até fevereiro, para 12,9% no trimestre terminado em maio, o que significa mais de 12,7 milhões de desempregados.
Além disso, o IBGE também registrou 368 mil pessoas a procura de trabalho a mais em relação ao período anterior.
O resultado sofreu influência da diminuição dos empregos formais e informais, sendo que esta última categoria é vista como um “escape” da pessoa que sai da formalidade. “O número de empregados no setor privado sem carteira assinada caiu 20,8%, significando 2,4 milhões a menos no mercado de trabalho. Já os trabalhadores por conta própria diminuíram em 8,4%, ou seja, 2,1 milhões de pessoas.”, informa a pesquisa.
Os trabalhadores informais somam os profissionais sem carteira assinada (empregados do setor privado e trabalhadores domésticos), sem CNPJ (empregadores e por conta própria) e sem remuneração, segundo a medição feita pelo IBGE desde 2016.
Héber Carvalho com Carta Capital