Vários parlamentares da bancada do PT na Câmara condenaram através das redes sociais o uso político da Polícia Federal, via operação Lava-Jato, evidenciado pela declaração do ministro da Justiça, Alexandre Moraes, no último domingo (25), que antecipou, em evento de campanha do PSDB em Ribeirão Preto (SP), a realização de uma nova etapa da Lava-Jato. Para os parlamentares petistas, a confirmação da prisão do ex-ministro Antônio Palocci- na manhã do dia seguinte (26) – comprova que o governo golpista e ilegítimo de Michel Temer adota medidas de exceção apenas vistas em períodos ditatoriais.
Para o deputado e advogado Patrus Ananias (PT-MG), o comportamento de Alexandre Moraes “mancha gravemente não só a autoridade ministerial, mas também a de Michel Temer”.
“E mancha inclusive a Operação Lava-Jato ao reforçar as suspeitas de seu uso puramente eleitoreiro, para prejudicar campanhas de oposição ao atual governo. Polícias políticas são próprias de ditaduras – e nós conhecemos bem os malefícios que já causaram ao Brasil. São assustadores os indícios de que estão de volta”, lamentou.
A deputada Maria do Rosário (PT-RS) disse que a revelação antecipada da operação comandada por uma instituição subordinada ao ministro da Justiça aponta para um crime de violação à Constituição do País.
“O uso do Estado contra adversários é gravíssimo ataque à Constituição, à Democracia e aos direitos humanos. Revela a natureza que quer demonstrar o Governo Ilegítimo de Temer: ‘O Estado sou eu’, prendo e arrebento”, denunciou.
No mesmo sentido, o deputado e presidente da Comissão de Cultura da Câmara, deputado Chico D’Ângelo (PT-RJ), lamentou que a Polícia Federal esteja sendo usada para fins políticos.
“Depois da declaração feita pelo ministro da Justiça, sabemos que a PF está sendo usada para fins políticos, como já desconfiávamos. Aguardamos urgentemente a volta do Estado Democrático de Direito”, desabafou.
Já o deputado Jorge Solla (PT-BA) disse ainda que- para prejudicar o PT- a operação não obedeceu sequer aos direitos fundamentais do ex-ministro Palocci.
“O ex-ministro sequer sabia porque estava sendo preso: nunca foi chamado a depor, não tem acesso aos autos do processo, não representa ameaça à investigação, não ameaça sair do país. É arbitrário, é absurdo!”, revoltou-se.
O parlamentar baiano alertou que o ocorrido abre um precedente perigoso que coloca em risco a própria democracia.
“Golpistas estão acabando é com nossa democracia da forma mais torpe. Só que quando se perde confiança nas instituições o que sobra é a barbárie”, observou.
Também se manifestaram pelas redes sociais contra a prisão arbitrária do ex-ministro Palocci- e o uso político da Polícia Federal- os deputados petistas Carlos Zarattini (SP), Enio Verri (PR), Erika Kokay (DF), Henrique Fontana (RS), João Daniel (SE), Luiz Couto (PB) e Marcon (RS).
Héber Carvalho
Fotos: Gustavo Bezerra e Salu Parente
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