Petista lamenta chacina de latino-americanos no México e pede nova ordem mundial

nmourao_3O deputado Nilson Mourão (PT-AC) lamentou hoje a chacina de 72 imigrantes latino-americanos ocorrida ontem (25) em San Fernando, no México. “Essa tragédia suscita sobretudo a necessidade de os países ricos – como Estados Unidos e os da União Europeia – reverem suas regras para a migração, num momento em que se propaga tanto a globalização”, disse o deputado.

No grupo, estavam ao menos quatro brasileiros, segundo informou o Itamaraty. O vice-cônsul do Brasil no México, João Zaidan, viajou hoje (26) com uma delegação consular em uma aeronave colocada à disposição pelo governo mexicano e que também levava diplomatas dos outros países de origem dos imigrantes mortos – El Salvador, Honduras e Equador – para verificar a nacionalidade das vítimas e o andamento das investigações sobre a chacina. A autoria do crime é atribuída a traficantes que agem na fronteira México/EUA.

Nilson Mourão frisou que os países ricos demonstram hipocrisia ao defenderem a livre circulação de capitais e restringirem a entrada de migrantes. “Esses países agem com preconceito e, graças a regras incompreensíveis, acabam estimulando a imigração ilegal, submetendo todos os anos milhares de pessoas ou a grupos especializados em migração ilegal ou à repressão nas regiões de fronteira”, lembrou. Mourão recordou que nos EUA, por exemplo, na fronteira com o México, há um muro de centenas de quilômetros para impedir a entradas de imigrantes.

“Os países ricos deviam mirar-se no exemplo do presidente Lula, que há pouco tempo legalizou a situação de milhares de estrangeiros que estavam no Brasil de forma ilegal. A questão deve ser tratada com humanismo, não com preconceito e repressão”, disse o parlamentar. Outra saída para evitar o problema seria criar uma nova ordem mundial, mais justa do ponto das oportunidades para as pessoas que precisam de emprego e renda. “Se não houver mudanças que facilitem a vida das pessoas nos países periféricos, o problema da imigração clandestina persistirá”.

SOBREVIVENTE – O único imigrante que conseguiu sobreviver ao massacre é Luis Freddy Lala Pomavilla, um agricultor equatoriano de 18 anos que desejava encontrar os pais nos Estados Unidos, onde vivem ilegalmente. A esposa de Freddy, Angelita Lala está grávida de quatro meses e contou que o marido adquiriu uma dívida de 11 mil dólares após pagar coiotes que o levariam até os EUA. O rapaz fez contato com a família no México, dizendo que precisava de mais dinheiro para atravessar a fronteira – ele recebeu somente mil dólares.

O local onde o grupo foi chacinado é rota de passagem de grupos de imigrantes em direção aos EUA. Lá também é cenário de fortes disputas entre o cartel de traficantes de drogas do Golfo e seus antigos aliados, Los Zetas, liderados por soldados de elite desertores, acusados pelas autoridades de cometer diversos massacres e de realizar sequestros em massa.

A maioria dos imigrantes latinos em busca do sonho americano percorre um perigoso trajeto até a fronteira entre o México e os EUA. De acordo com Instituto Nacional de Imigração do México, cerca de 400 mil pessoas tentam a sorte todos os anos e muitos ficam pelo caminho.

O primeiro passo é cruzar o limite com a Guatemala a nado ou de balsa pelo rio Suchiate. Depois, grupos seguem até a cidade mexicana de Arriaga, no estado de Chiapas, onde todos esperam pela “Besta”, ou como são conhecidos os trens de carga que cortam o México. Os imigrantes se posicionam no teto dos vagões e passam por diversos apuros ao longo do trajeto – há aqueles que caem dos veículos em movimento ou que são abordados por criminosos.

A última etapa é a temida fronteira com os EUA. Grande parte dos latino-americanos atravessa pelo estado de Baixa Califórnia, oeste mexicano e pagam até 1,5 mil dólares para serem auxiliados por coiotes. Com cinco mil dólares é possível cruzar a fronteira do modo mais fácil e seguro, de carro.

Equipe Informes, com agências

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