FOTO: SALU PARENTE/PT NA CÂMARA
Mais profissionais de antropologia e novos espaços de vivência. Essas foram as principais reivindicações dos participantes da audiência pública realizada nesta terça-feira (11), na Comissão de Legislação Participativa, que debateu a situação das Casas de Saúde do Índio (Casai) espalhadas por vários Estados do País. A Casai é uma unidade de apoio que auxilia os indígenas nas dificuldades enfrentadas quando estão em tratamento de saúde.
Para a autora do requerimento de realização da audiência pública, deputada Erika Kokay (PT-DF), as mudanças reivindicadas para as Casai valorizam a cultura indígena. “É necessário que existam profissionais de antropologia dentro das Casai. Até porque é importante que não ocorra a invisibilização dos indígenas que estão em tratamento de saúde dentro das unidades e que muitas vezes são desconsiderados enquanto pessoas”, afirmou.
Segundo Kokay, os Casai também precisam ter espaços que reproduzam o ambiente natural das aldeias indígenas. “É preciso que haja espaço para a vivência étnica, e ao mesmo tempo para a condição de sujeito. Isso significa projetos de produção de peixe, de artesanato, de produção cultural, de culinária, além de espaços culturais”, destacou.
A petista disse ainda que sem esses espaços muitas das pessoas que procuram as unidades, inclusive crianças, ficam afastados da realidade em que vivem. Segundo especialistas, a distância geográfica do local de origem, a separação da família, as mudanças nos hábitos e alimentação, a dificuldade na comunicação, o medo do desconhecido são alguns entraves que os indígenas enfrentam quando saem da aldeia para atendimento nos serviços de saúde do SUS.
De acordo com a Secretária Especial de Saúde Indígena do Ministério da Saúde (Sesai/MS), Danielle Cavalcante, apesar de ainda precisar de ajustes, os Casai vem desempenhando um papel fundamental na melhoria do atendimento às populações indígenas. “A Sesai tem uma estrutura que conta com postos de atendimento, unidades básicas de saúde e 66 Casai em todo o País, para atender as comunidades locais e regionais”, ressaltou.
Segundo ela, o principal desafio para melhorar a atenção básica à saúde indígena, que era fixar o médico nas comunidades locais, já foi resolvido. “Hoje contamos com médicos em todas as aldeias. Apenas do programa Mais Médicos temos 305 profissionais, que antes faltavam pela dificuldade de fixar esses profissionais nas comunidades indígenas”, apontou.
O presidente da Frente Parlamentar em Defesa dos Povos Indígenas, deputado Padre Ton (PT-RO) também esteve presente à audiência pública. Também participaram a SubProcuradora da República, Deborah Duprat Pereira; a Coordenadora da Casai/DF, Maria Coroaia; e o representante dos usuários da Casai-DF, Evaldo da Silva (Etnia Macuxi/Roraima).
Agenda – Para conhecer o funcionamento das Casai, Erika Kokay marcou para a próxima quarta-feira (19) uma visita dos deputados da Comissão de Legislação Participativa à unidade da Casa de Saúde do Índio do Distrito Federal.
Héber Carvalho
