Em pronunciamento feito na tribuna da Câmara, o deputado Décio Lima (PT-SC) classificou na quinta-feira (27) o debate acerca da crise econômica brasileira de “pobre e simplista”. Para ele, a visão distorcida que setores da mídia e da oposição têm em relação ao cenário econômico mundial faz com que esses segmentos enxerguem o Brasil fora do contexto da crise mundial.
“No Brasil, também estamos vivendo uma crise, em proporções infinitamente menores do que nos países ditos de primeiro mundo, mas, a tomar ao pé da letra o que nossa imprensa bombardeia diariamente, vivemos o fim dos tempos”, criticou Décio Lima. Infelizmente, arrematou o petista, “com um debate pobre e simplista, como bem detectou a filósofa Viviane Mosé, a crise brasileira é vista isoladamente, fora do contexto mundial”.
“O mundo vive uma crise econômica de proporções alarmantes, com conflitos gravíssimos e que afetam milhões de pessoas, na Europa, Estados Unidos e China. O desemprego atinge índices como não se via há décadas, o número de sem teto e moradores de rua nesses países cresceu assustadoramente, a violência assola e os governos estão paralisados”, alertou Décio Lima.
Para ilustrar que, apesar da crise, o Brasil trilha no rumo certo, Décio Lima lembrou que na semana passada a presidenta Dilma Rousseff lançou o Programa de Investimento em Energia Elétrica (PIEE), que, segundo ele, dará mais celeridade aos projetos de ampliação de geração e de transmissão de energia no País. Ele afirmou que o investimento previsto é de R$ 186 bilhões, entre agosto de 2015 e dezembro de 2018. Serão R$ 116 bilhões para obras de geração e R$ 70 bilhões em linhas de transmissão.
Décio Lima destacou ainda um discurso que o ex-presidente Lula fez na abertura do 5º Marcha das Margaridas, que ocorreu em Brasília no início deste mês. “O ex-presidente afirmou que os mesmos setores que querem jogar a responsabilidade das dificuldades atuais para a presidenta Dilma e agora se apresentam como solução entregaram o País quebrado e devendo dinheiro para o FMI”, alfinetou.
Xenofobia – O parlamentar se mostrou preocupado com a parceria entre parte da mídia e os movimentos reacionários e conservadores que têm surgido nos últimos tempos. “Temos uma imprensa corporativista, que ignora os ganhos desse governo, principalmente para os municípios brasileiros, aliada a um movimento extremamente conservador, com requintes de xenobofia e racismo, que pintam um cenário caótico, onde a intolerância permeia as relações humanas. Isso me preocupa”.
Em contraposição a essa onda conservadora, o deputado destacou o surgimento de vozes que defendem o processo democrático. “Felizmente, as vozes em defesa da democracia estão se fazendo ouvir, a despeito dos discursos raivosos que tomaram conta das tribunas, da mídia e dos setores mais conservadores da sociedade”. Ele se referiu ao movimento “Todos Pela Democracia”, que realizou aula magna pública sobre a democracia, em frente à Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), no centro da capital paulista.
Além disso, o deputado frisou que representantes de movimentos sociais, juristas, advogados, militantes partidários, sindicatos, centrais sindicais e coletivos deram seu recado: “Não vai ter golpe”.
Benildes Rodrigues
Foto: Salu Parente