O deputado Afonso Florence (PT-BA) cobrou, nesta quinta-feira (28), do presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL), durante pronunciamento no plenário da Casa pelo tempo da Liderança do PT, a abertura do processo de impeachment do presidente Jair Bolsonaro. Segundo o petista, essa ação está embasada pelos crimes contra a saúde pública, demonstrados pelo relatório da CPI da Covid do Senado.
“Por isso, reitero aqui o pedido, e cito os partidos de Oposição, a nossa insistente, perseverante cobrança para que o presidente Arthur Lira acate um dos pedidos de investigação desses inúmeros crimes do presidente da República, para que possamos constituir a Comissão Especial e submeter à investigação da Casa esses crimes cometidos, e que constam no relatório aprovado na CPI do Senado”, afirmou.
O parlamentar disse ainda que o presidente Bolsonaro está “em pânico” com o relatório, que indiciou além dele outras 77 pessoas, entre gestores públicos, empresários e parlamentares, todos ligados ao presidente. “O presidente agora está em pânico, contando com a possibilidade de que a PGR postergue e que as investigações não sejam levadas adiante. A sua culpa é inconteste, ele é o réu contumaz”, disse.
Além da entrega do relatório a PGR, nesta quarta-feira (27), os membros da CPI de partidos de Oposição ou não alinhados ao governo Bolsonaro, também entregaram hoje (28) o relatório do colegiado ao Tribunal de Contas da União (TCU) e ao Supremo Tribunal Federal (STF).
O deputado baiano lembrou que a CPI constatou diversos crimes praticados por Bolsonaro. Entre eles, Florence enumerou a “estratégia genocida da imunidade de rebanho” – construída pelo gabinete paralelo – e a liderança pública de Bolsonaro contra o isolamento social ao tentar impedir governadores e prefeitos de adotarem essa ação como forma de frear a disseminação do vírus e a sobrecarga do SUS.
De acordo com Afonso Florence, as investigações também comprovaram que Jair Bolsonaro obstruiu a aquisição de vacina, como a da Pfizer, e não tomou providências rápidas para garantir o suprimento de oxigênio no caso da crise de Manaus, onde várias pessoas morreram pela falta desse insumo. Por fim, o petista lembrou o escândalo de corrupção descoberto pela CPI para a compra da vacina Covaxin, envolvendo auxiliares diretos do próprio presidente da República.
“A CPI indicia o presidente com provas robustas, e agora a Procuradoria-Geral da República terá que dar prosseguimento às investigações. Na semana que antecedeu a aprovação, pela CPI, do relatório com nove indiciamentos do presidente da República, ele teve o desplante, a pouca vergonha de associar o uso da vacina à contaminação com Aids. Então, é um criminoso contumaz, um mitômato, uma pessoa sem medidas, que precisa ser impedido”, ressaltou.
Descalabro econômico
O deputado Afonso Florence também acusou o presidente Jair Bolsonaro de promover um descalabro na economia do País, que tem atingido principalmente a população mais pobre com aumentos sucessivos nos preços dos alimentos, do gás de cozinha e dos combustíveis, atirando a população na pobreza e na miséria. O parlamentar lembrou, no entanto, que enquanto a população passa necessidades o ministro Paulo Guedes (Economia) enriquece com conta em paraíso fiscal.
“E o ministro Guedes tem conta em paraíso fiscal, e lucra com o aumento da taxa de juros, lucra com essa depreciação do câmbio, essa supervalorização do dólar; e o presidente Bolsonaro tem o ministro da Economia que ele merece; o povo brasileiro é que não merece nem esse presidente e nem esse ministro da Economia, um ministro que tem dinheiro em paraísos fiscais, que lucra com a pobreza, com a miséria crescente do povo brasileiro, em decorrência da política macroeconômica”, apontou.
Governos do PT
O deputado petista lembrou ainda que, nos governos do PT – de Lula e Dilma – havia política de controle de preços, principalmente do diesel, da gasolina e do botijão de gás. Ele lembrou que, agora, ao invés de retirar a Política de Paridade Internacional (PPI) – que dolarizou o preço dos combustíveis ao nível do mercado internacional – Jair Bolsonaro prefere culpar o ICMS tradicionalmente cobrado pelos estados.
“O presidente continua a fazer a política rasteira, a política baixa, a política menor de jogar com a economia do povo brasileiro, a pobreza, a miséria e o aumento da fome, e fazer disputa eleitoral contra governadora e governador. Por isto, este presidente também comete crimes contra a economia popular, além dos crimes contra a política sanitária ou combate ao Covid”, afirmou.
Héber Carvalho