Em artigo, o deputado Paulo Teixeira (PT-SP) mostra que o diálogo entre o senador Romero Jucá (PMDB-RR) e Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro, é esclarecedor quanto à natureza do golpe deflagrado contra a democracia no Brasil.
“Quem foi às ruas, vestiu camiseta da CBF e agitou bandeira para derrubar Dilma Rousseff pode, agora, constatar o que para muitos de nós já era evidente: o processo de impeachment foi instaurado e levado a cabo para tirar uma pessoa honesta para colocar em seu lugar um grupo de políticos que quer impedir o prosseguimento das operações”, disse. Leia a íntegra:
Temer, devolva a presidência a Dilma
O diálogo entre o então senador Romero Jucá (PMDB-RR) e Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro, publicado no jornal Folha de S.Paulo dessa segunda-feira (23), é esclarecedor quanto à natureza do golpe deflagrado contra a democracia no Brasil. Em primeiro lugar, Jucá comprovou que o golpe foi dado para bloquear a Lava Jato, para impedir a evolução da operação comandada pelo juiz de Curitiba, Sérgio Moro. Caso as investigações fossem mantidas, e isso era do conhecimento dele e da cúpula do PMDB, seria praticamente impossível conter o que ele chama de “sangria”: a denúncia e o julgamento de vários políticos, inclusive dos que se somaram ao projeto golpista de afastar a presidenta exatamente para evitar que fossem denunciados e julgados.
Em segundo lugar, Jucá, que é presidente do PMDB e ocupava até ontem o cargo de ministro interino (e ilegítimo) do Desenvolvimento, demonstrou que Eduardo Cunha é do mesmo grupo de Michel Temer. Por isso estamos vendo que Eduardo Cunha continua dando as cartas, escolhendo rumos e ministros. Ele manda no governo de Michel Temer.
Em terceiro lugar, o diálogo demonstrou também que o PSDB entrou no golpe a partir do momento em que ficou claro que diversos políticos do PSDB estavam entrando na mira da Lava Jato, a começar por Aécio Neves. Aí ficou fácil fazer acordo entre os dois partidos, na base do “uma mão lava a outra”.
Quem foi às ruas, vestiu camiseta da CBF e agitou bandeira para derrubar Dilma Rousseff pode, agora, constatar o que para muitos de nós já era evidente: o processo de impeachment foi instaurado e levado a cabo para tirar uma pessoa honesta para colocar em seu lugar um grupo de políticos que quer impedir o prosseguimento das operações.
Trata-se, sem dúvida, de um golpe brando — mas não tão brando quanto parecia. Um golpe que não foi contra a corrupção, mas contra a população. Um golpe a favor da impunidade, e não para combater a impunidade.
Por tudo isso, não basta demitir Romero Jucá. A obstrução à Lava Jato parte do próprio governo Temer, e esse é um dos motivos pelos quais Temer tem que devolver a Presidência da República a Dilma Rousseff. Nós, do nosso lado, temos de ir às ruas, levantar o país e convencer os senadores a devolver o governo a quem foi realmente eleito.
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Das Agências
Foto: Gustavo Bezerra
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