O deputado Paulo Pimenta (PT-RS) ocupou a Tribuna nesta segunda-feira (8) para uma reflexão sobre o posicionamento dos partidos da oposição que, de acordo com ele, “tratam com uma espécie de amnésia seletiva” a questão do projeto que trata da alteração da meta do superávit primário (PLN 36/14), já aprovado pelo plenário da Câmara na semana passada. Falta apenas apreciar uma emenda para concluir a votação da matéria.
“Não entendo a hipocrisia dos partidos de oposição e de setores da grande imprensa porque não se trata de uma medida inédita. O próprio ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso, em 2001, apresentou a esta Casa um projeto que reduzia o cálculo do superávit previsto na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), e em nenhum momento esse debate foi tratado como se estivéssemos, no País, quebrando compromissos ou desrespeitando a Lei de Responsabilidade Fiscal, ou, cometendo algum crime, que é a maneira como, muitas vezes, parlamentares da Oposição tratam a presidenta Dilma, pelo fato de ter encaminhado o PLN 36”, explicou o petista.
O deputado Paulo Pimenta citou recentes decisões dos governos tucanos de Goiás e Minas Gerais, de mudança no superávit primário dos referidos estados e que não é assunto comentado pela oposição. “São tratamentos absolutamente distintos para situações semelhantes, típicas da administração pública, e que acabam ganhando uma conotação como se estivéssemos diante de uma atitude além dos limites da legislação, além dos limites da postura política coerente com o resultado das urnas, que é a postura da nossa Presidenta Dilma”, disse.
Postura – O deputado Paulo Pimenta também registrou o que chamou de diferença de atitude entre o vencedor de uma eleição e um perdedor. “O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, do PSDB, participou na semana passada de uma solenidade no Palácio do Planalto e, na ocasião, reiterou a postura republicana da Presidenta Dilma quando foram assinados vários convênios entre o governo paulista e o governo federal. E a Presidenta Dilma, da mesma maneira, fez referência à importância dessa relação federativa, de respeito entre a União e os Estados, porque assim é a democracia”.
“Agora observe a conduta do candidato Aécio Neves, derrotado nas urnas. É uma conduta absolutamente distinta, uma conduta que estimula na sociedade um discurso que busca deslegitimar a vitória eleitoral da nossa Presidenta Dilma, que grava vídeos e, nas suas manifestações públicas, fala no impeachment, fala de organização criminosa, coloca em dúvida o resultado da eleição”, enfatizou o parlamentar petista.
Para Paulo Pimenta, falar em impeachment é “flertar” com o golpe. “É estimular na sociedade um sentimento antidemocrático; é dialogar com setores que ao longo da história do Brasil estiveram junto às visões mais autoritárias e conservadoras, e que se aproveitam muitas vezes de uma situação como essa para tornarem públicos os seus desejos mais íntimos, como a volta de uma ditadura militar, de um regime de repressão ou coisa do gênero”.
A eleição, acrescentou o deputado Paulo Pimenta, “delegou ao PSDB um papel importante, um papel institucional relevante, que é ser oposição, fiscalizar os atos do governo, denunciar, eventualmente, irregularidades que, na sua leitura, possam estar ocorrendo, apresentar as suas propostas. Mas não é papel da oposição trabalhar no sentido de que o País mergulhe numa crise, seja ela institucional ou econômica, porque precisamos entender e respeitar que a eleição já acabou, e que a eleição teve um resultado, e esse resultado foi a vitória da Presidenta Dilma e do projeto que ela representa”, frisou o petista.
Paulo Pimenta lamentou a postura do candidato derrotado Aécio Neves. “É lamentável que ele (Aécio Neves) não consiga descer do palanque, continue falando e agindo como se estivesse em campanha eleitoral, e muitas vezes estimulando condutas e posições que, do meu ponto de vista, enfraquecem a democracia e Estado de Direito no nosso País. A hora é de definirmos com clareza os papeis e as responsabilidades de cada um. E nós estaremos aqui, a bancada do Partido dos Trabalhadores, com os nossos aliados, no sentido de fazer valer o resultado da urna; e o resultado da urna foi não só a vitória da Presidenta Dilma, mas a vitória do projeto que ela representa”, finalizou o parlamentar do PT.
Gizele Benitz