Paulão (PT-AL) é o primeiro representante de Alagoas a assumir uma vaga na Câmara dos Deputados pelo Partido dos Trabalhadores. Chegou à Casa com apoio dos movimentos sociais. Em entrevista ao PT da Câmara, ele relata suas experiências como vereador e deputado estadual, e os desafios que se apresentam nesta nova missão. Como integrante da Comissão de Turismo e Desporto, Paulão pretende incentivar a construção dos aeroportos regionais; a qualificação da mão de obra e o fim do turismo sexual. A democratização dos meios de comunicação será o “foco” na Comissão de Ciência e Tecnologia, onde já atua. E a participação da sociedade civil na discussão de projetos será também uma de suas prioridades. Nesta entrevista, Paulão destaca ainda os “legados” dos governos Lula/Dilma e o reconhecimento do povo brasileiro “pelo partido mais querido do Brasil, o PT”.
Representar os movimentos sociais e a classe trabalhadora na Câmara é um desafio?
Dep. Paulão- É um grande prazer e ao mesmo tempo um desafio. Temos poucos nomes de Alagoas na Câmara. Alguns são filhos de políticos tradicionais; outros têm ligação com o poder econômico, a cana de açúcar. Eu sou ligado ao movimento sindical. Fui presidente da CUT, do Sindicato dos Urbanitários e do PT de Alagoas. Como deputado federal, vou representar os movimentos sociais e a classe trabalhadora. Quero servir de “ponte” para que as prefeituras de Santa Luzia do Norte e Inhapi (AL), governadas pelo PT, sirvam de referência “proativa” das políticas do governo Lula/Dilma, principalmente das políticas sociais que atingem as camadas mais pobres.
Como pretende atuar na Comissão de Turismo e Desporto?
Dep. Paulão- Quero incentivar a construção de aeroportos regionais e trabalhar para criar infraestrutura de novas rotas aéreas para Alagoas, um dos gargalos no turismo. Com o desmonte da TRANSBRASIL, da VASP e da VARIG, esta última que tinha uma subsidiária chamada Nordeste e fazia o percurso do Maranhão até a Bahia, não há mais vasos comunicantes e as passagens ficaram mais caras. Precisamos, também, qualificar os profissionais da área turística. Alagoas é um Estado de beleza natural ímpar, com a maior concentração de renda no Brasil e com índices sociais perversos. É o Estado com o maior índice de analfabetismo (52% de analfabetos funcionais ) e Maceió é a terceira capital mais violenta, atingindo um público de 14 a 25 anos, geralmente da cor parda ou negra e que mora na periferia ou nas zonas urbana ou rural.
Uma de suas preocupações é com a vulnerabilidade que a atividade turística pode causar em Alagoas e o turismo sexual…
O turismo sexual é grave no Ceará, Rio Grande do Norte e Pernambuco. Ele acontece também em Alagoas, mas o índice é menor, em função da parceria entre os sindicatos e a Convention Bureau. Antes da crise econômica internacional, Alagoas recebia muitos voos charter da Itália e da Alemanha. Com a crise, o fluxo de turistas diminuiu, mas de qualquer forma é um desafio coibir o turismo sexual. Defendi, inclusive, a criação de uma Subcomissão de Turismo para discutir o problema, principalmente no processo que antecede aos grandes eventos como a Copa do Mundo 2014 e as Olimpíadas 2016.
Qual será o seu foco na Comissão de Ciência e Tecnologia?
Dep. Paulão- Devemos retomar a discussão sobre a democratização dos meios de comunicação. Uma bandeira que não é só do governo, mas também da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj). Democratizar os meios de comunicação é descentralizar, horizontalizar, enfim, destacar o papel importante das TVs a cabo, aumentar o número de TVs abertas, com programação regional e fortalecer as rádios comunitárias e, não, controlar a imprensa, uma visão equivocada da grande imprensa, que é controlada por sete famílias no País.
E na Comissão de Legislativa Participativa?
Dep. Paulão- Precisamos fazer uma interface com a sociedade civil, recepcionando projetos de iniciativa popular. Só assim fortaleceremos a democracia.
Como o senhor avalia o governo do PT?
Dep. Paulão- O crescimento econômico com distribuição de renda são os maiores legados dos governos Lula/Dilma. No período FHC, o país estagnou. Nos últimos dois anos do governo do PT, 22 milhões de brasileiros foram retirados da extrema pobreza e o Brasil virou a página da exclusão social. Temos, ainda, os Programas Bolsa Família e Luz para Todos, a valorização do salário mínimo e o sonho da casa própria com o programa Minha Casa, Minha Vida. Com a desoneração do material e a facilidade de crédito, o Nordeste mudou a cara e as casas de taipas foram substituídas por novas construções. O povo reconhece o governo do PT, e ele continua sendo o partido mais querido do Brasil.
Por Ivana Figueiredo.