A fome voltou ao Brasil e atinge, hoje, 33 milhões de pessoas porque, após o impeachment fraudulento contra Dilma Rousseff, todas as políticas de soberania alimentar que fizeram o Brasil sair do Mapa da Fome da ONU foram desmontadas.
Foi o que explicou, em entrevista ao Jornal PT Brasil, nesta quarta-feira (22), o ex-ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome Patrus Ananias (assista abaixo). “Nós não podemos aceitar seres humanos passando fome. Muito menos no Brasil, um país que pode produzir alimentos o ano inteiro”, ressaltou o hoje deputado federal pelo PT-MG.
Patrus explicou que o segredo dos governos petistas foi a integração de vários programas, que atacaram o problema da pobreza em múltiplas frentes. “Nós integramos o Bolsa Família com políticas públicas de assistência social, como o Peti (Programa de Erradicação do Trabalho Infantil) e os Cras (Centros de Referência da Assistência Social), e com políticas de segurança alimentar. Levamos os restaurantes populares Brasil afora e, com eles, as cozinhas comunitárias, os bancos de alimentos e as políticas de apoio à agricultura familiar”, lembrou.
Dessa forma, além de distribuir renda, o governo criou também uma ampla rede onde os brasileiros mais pobres podiam se alimentar de forma saudável e ainda garantia, via apoio à agricultura familiar, a produção de alimentos para o mercado interno.
Soberania alimentar
Hoje, o governo de Jair Bolsonaro praticamente desmontou todas essas iniciativas, fazendo tanto o povo passar fome quanto o preço dos alimentos subir.
“Nós temos que estabelecer no Brasil uma política, primeiro, de produzir alimentos para consumo interno. É claro que o Brasil pode e deve exportar alimentos, é importante para a economia nacional, mas um país soberano cuida, em primeiro lugar, do seu povo”, disse.
Na época de Lula e Dilma, essa produção era garantida por meio de iniciativas como o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) e o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), lembrou o deputado.
“O PAA era um programa esplêndido porque garantia ao agricultor familiar, na safra, um preço justo para o seu produto e encaminhava esses produtos para as comunidades em situação de vulnerabilidade”, argumentou.
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Com isso, a agricultura familiar não deixava de produzir os alimentos que vão para a mesa dos brasileiros. “Quem conhece a realidade rural sabe que, se tudo correu bem, se choveu direitinho, está todo mundo colhendo e o preço cai. Os ricos, o agronegócio, guardam, ou põem no mercado internacional ou vendem na entressafra. Os pobres, e até médios fazendeiros, têm que vender para pagar as contas”, explicou.
Outro pecado do governo Bolsonaro foi ter praticamente extinto a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que fazia estoques de alimentos para não deixar nem que eles faltassem nem que eles subissem muito de preço.
“Tem que ter um espaço onde o Estado, agindo sempre em nome da vida, tenha alimentos de reserva, compre e guarde alimentos, para as pessoas e famílias mais empobrecidas, mas também para situações emergenciais, de crises. É fundamental que o país tenha o que chamamos de soberania alimentar”, esclareceu.
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